Um é o objeto mais brilhante do céu noturno, aparece sempre só pela manhã muito cedo ou ao fim da tarde e tem nuvens mortíferas de ácido sulfúrico. O outro é o maior planeta do Sistema Solar, ajudou Galileu Galilei a formular a teoria heliocêntrica e é rasgados por violentas tempestades com ventos de 500 km/h. Vénus e Júpiter estão a 670,1 milhões de quilómetros no espaço, o mesmo que ir da Terra ao Sol quase cinco vezes. Mas na manhã desta segunda-feira, vistos a partir do nosso planeta, os dois planetas encontraram-se no céu. E pareciam estar a apenas alguns centímetros um do outro, como mostra o timelapse publicado no YouTube e captado a partir de Knill’s Monument, Saint Ives, na Cornualha (Inglaterra).

Vistos com os pés bem assentes na Terra, Vénus e Júpiter pareciam estar a 0,3º um do outro — uma medida que os cientistas usam e que simboliza pouco mais do que a largura aparente da Lua quando está cheia. Tudo isto aconteceu exatamente às 6h05 de Portugal Continental, quando Vénus e Júpiter apareceram na constelação de Virgem e a oeste da Lua crescente. O pôr-do-sol ocorreu 25 minutos depois, pondo termo a um espetáculo que foi bem visível em Portugal (porque o céu estava limpo), mas apenas para quem tinha vista limpa para o horizonte, porque este fenómeno aconteceu numa posição aparentemente próxima ao solo.

Além da Lua e do Sol, Júpiter e Vénus são os planetas mais brilhantes do céu noturno. Ainda assim, entre um e outro houve uma diferença substancial para quem quis assistir a este cruzamento, que ocorre uma vez por ano e quase sempre em meados de novembro: é que Vénus vai ter uma magnitude aparente (brilho) de -3,9, enquanto Júpiter vai rondar os -1,7 de magntude aparente. Isto ocorre porque Vénus está muito mais perto da Terra do que Júpiter, criando uma ilusão porque as densas atmosferas dos dois planetas refletem a luz vinda dos raios solares.

Este encontro é especial por duas razões: em primeiro lugar porque é raro que estes dois planetas se aproximem tanto um do outro; e em segundo lugar porque desde 26 de outubro que o gigante gasoso não se mostrava à Terra porque era ofuscado pela luz do Sol. Mas o fenómeno de cruzamento de corpos celestes não é raro: só este mês vai acontecer mais uma vez, a a 28, entre Mercúrio e Saturno. E para o ano voltará a acontecer 12 vezes, a primeira das quais a 7 de janeiro quando Marte e Júpiter se encontrarem no céu e passarem a 0,2º um do outro.

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Um pouco por todo o mundo houve quem não resistisse a deixar a câmara fotográfica parada enquanto o nosso planeta vizinho e o gigante Júpiter se encontraram no céu. As redes sociais estão cheias de imagens. Pode ver as imagens nos tweets aqui em baixo.