O número de alunos que não chumbou e teve nota positiva nos exames no ensino básico e secundário aumentou no ano letivo 2016/17 em relação ao ano anterior, de acordo com um relatório divulgado esta quinta-feira pelo Ministério da Educação e que foi também enviado para todas as escolas portuguesas. Contudo, apesar da subida, os alunos com sucesso continuam a representar menos de metade do universo total de estudantes, nos dois níveis de ensino.
O indicador dos percursos diretos de sucesso obtém-se através do cálculo da percentagem de alunos que não chumbaram nem no 7º nem no 8º ano e que, simultaneamente, obtiveram nota positiva nos exames de Português e Matemática no 9º ano (no caso do ensino básico), ou então a percentagem dos que não chumbaram nem no 10º nem no 11º ano e que obtiveram nota positiva nos exames finais do 12º ano que realizaram (neste caso, os exames variam consoante a área escolhida).
O secretário de Estado da Educação, João Costa, explica que este é um indicador de “grande robustez” e que compara as escolas “com muito maior fiabilidade” do que os rankings tradicionais, que, considera, “privilegiam más práticas educativas”. “Este indicador mede progresso, mede a mais-valia de cada escola para o aluno, e compara alunos comparáveis, ou seja, alunos que à entrada têm o mesmo perfil, penalizando assim a seleção de alunos, e penalizando também a retenção para não ir a exame, ou a transição independentemente do resultado em exame”, disse o governante esta manhã aos jornalistas.
João Costa sublinha que utilizar este indicador para avaliar as escolas ajuda a contrariar a prática “errada” de selecionar alunos, excluindo os piores resultados. Uma escola que tenha uma média de 15 nos exames finais, explica o secretário de Estado, “pode querer dizer que não fez nada, que trabalhou com alunos que já traziam esse perfil”. Já uma escola que pegue em alunos “com grandes dificuldades e os leve ao 15, essa escola fez um trabalho muito melhor do que a outra escola”.
Os dados divulgados esta quinta-feira mostram que a percentagem de percursos diretos de sucesso entre os alunos do terceiro ciclo do ensino básico (7º ao 9º ano) subiu de 40% em 2015/16 para 46% em 2016/17. Coimbra e Braga são os distritos com valores mais elevados, em oposição a Faro e Beja, os dois distritos com a menor percentagem de percursos diretos de sucesso.
Ao longo dos últimos três anos, duas tendências têm-se mantido inalteradas. Por um lado, nos dados discriminados por sexo mostram que a percentagem de percursos diretos de sucesso tem sido sempre superior nas raparigas. Por outro lado, este indicador é mais elevado entre os alunos com melhores condições financeiras (sem apoios da Ação Social Escolar), face aos alunos com maiores dificuldades financeiras (com apoios dos escalões A e B).
Já no que toca às notas das provas finais para o 3º ciclo do ensino básico — os exames de Português e de Matemática do 9º ano — o resultado também é positivo. A média a Português manteve-se no nível 3 (numa escala de 1 a 5), com 76% de notas positivas. Já a média a Matemática subiu de 2,6 para 2,9, com 57% de notas positivas.
Os dados relativos ao ensino secundário mostram uma realidade semelhante. No ano letivo 2016/17, a percentagem de percursos diretos de sucesso fixou-se nos 42%, subindo cinco pontos relativamente ao ano anterior. Também no ensino secundário se verifica uma maior percentagem de sucesso nas raparigas do que nos rapazes e nos alunos com menos dificuldades financeiras em relação aos que recebem apoios sociais.
Já no que toca às notas dos exames finais, houve subidas ou manutenções de notas na maioria das provas, à exceção de Física e Química A — que registou uma acentuada descida da nota média de 10,4 para 9,3 valores — e de Geografia A — que desceu de 11,2 para 10,9 valores. A maior subida foi no exame de História A, de 9,3 para 10,2 valores.