Várias centenas de tunisinos manifestaram-se este domingo na capital do país, Tunes, e em várias outras cidades contra as medidas de austeridade anunciadas pelo governo da Tunísia no Orçamento para 2018.
A manifestação deste domingo surge na sequência de uma semana que tem sido marcada por protestos e foi convocada pela Frente Popular, o maior partido da oposição, para o dia em que se assinalam sete anos da “Revolução de Jasmim”, a primeira das primaveras árabes, que levou à queda do ditador Ben Ali em 2011.
O Orçamento para este ano prevê um aumento de preços dos combustíveis e das comunicações, além de novos impostos, para fazer face às grandes perdas de receitas no turismo e investimento estrangeiro motivadas pelos recentes atentados terroristas.
O país recebeu um empréstimo de 2.800 milhões de dólares do Fundo Monetário Internacional, mas o programa de auxílio obriga a Tunísia a aplicar fortes medidas de austeridades.
Como explica a agência Bloomberg, face aos protestos, o governo tunisino anunciou neste sábado a utilização de 70 milhões de dólares para ajudar as famílias mais carenciadas, mas a oposição considera a medida insuficiente.
“As ações do Governo são apenas analgésicos e não são suficientes para lidar com a situação“, disse o presidente do Movimento Democrático, um partido da oposição, citado pela Bloomberg.
Esta semana, os protestos decorreram sob fortes medidas de segurança, depois de na semana passada uma pessoa ter morrido e mais de 700 manifestantes terem sido detidos, em protestos que se tornaram violentos.
Apesar de ser o caso mais bem sucedido de uma revolução na Primavera Árabe, a situação económica na Tunísia tem vindo a deteriorar-se devido às lutas políticas internas, às greves e manifestações e aos ataques terroristas, que, explica a Bloomberg, estão a “complicar os esforços para construir o tipo de renovação económica que os tunisinos conceberam quando tiraram o autocrata Zeine El Abidine Ben Ali do poder, em 2011”.