As mulheres condutoras da Uber ganham menos 7% que os homens. Poderíamos dizer que estamos perante uma situação de discriminação, contudo, os dados da Uber permitem perceber por que razão esta diferença salarial existe.

“The Gender Earnings Gap in the Gig Economy: Evidence from over a Million Rideshare Drivers” teve em conta uma amostra de mais de um milhão de condutores nos Estados Unidos, entre janeiro de 2015 e março de 2017.  O estudo mostra detalhadamente que a plataforma Uber utiliza uma fórmula para pagar aos seus colaboradores que se baseia no tempo e na distância das viagens. 

A velocidade de condução, só por si, explica quase metade da diferença de salário entre os dois géneros. A verdade é que os homens conduzem cerca de 2.2% mais rápido que as mulheres e, uma vez que a Uber paga aos colaboradores tendo em conta o tempo e a distância, esta diferença — apesar de não muito elevada — resulta num pagamento de cerca de mais 0,50 cêntimos por hora para os homens.

Por outro lado, os anos de experiência a trabalhar para a plataforma de transporte também contam e podem explicar mais de um terço da diferença salarial. Por exemplo, um motorista que tenha mais de 2500 viagens completadas ganha mais 14% por hora do que um que completou pouco mais de 100 viagens na Uber. Mais uma vez, os dados mostram que os homens acumulam mais experiência que as mulheres, já que conduzem mais a cada semana que passa e não deixam de colaborar com a Uber tão frequentemente quanto as mulheres.

O gráfico mostra o número médio de viagens completadas pelos motoristas ao longo das semanas. Baseia-se no número de semanas desde que um motorista completou a sua primeira viagem. O azul corresponde aos homens e o vermelho às mulheres.

Também os locais para onde os motoristas escolhem conduzir explicam esta desigualdade de pagamentos — em média, os homens conduzem em sítios com menos tempos de espera. No geral, as mulheres e os homens que colaboram com a Uber comportam-se de forma semelhante, mas estas pequenas diferenças mostram que a lacuna existente entre os salários de ambos é de cerca de 7%. Diferença esta que o estudo considera que não tem implicações para a “justiça social”, já que os condutores são tratados de igual forma.

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