O arcebispo emérito de Braga morreu esta segunda-feira à noite com 91 anos.
Eurico Dias Nogueira foi ordenado padre, tornou-se bispo e foi convidado a participar nas últimas sessões do Concílio Vaticano II, que decorreu de 1962 a 1965. O bispo recordou esses momentos em entrevista à Rádio Renascença, em 2012. D.Eurico Dias Nogueira referiu, na altura, que votou “de acordo com a consciência e um bocadinho envergonhado por estar a votar numa coisa tão séria e sem ter feito o percurso.”
D. Eurico Dias criou várias desavenças com a PIDE enquanto esteve na diocese de Vila Cabral, em Moçambique, ainda colónia portuguesa. Na altura, assumiu publicamente que era contra a censura e expressou o seu desejo: “talvez um dia a minha voz se faça ouvir e cause escândalo nos homens da política bem instalados na vida ou facilmente acomodáveis”. Os defensores mais acérrimos do regime não tardaram em rotulá-lo de comunista, uma ideologia que também sempre combateu.
Em 1977, sucedeu em Braga a D. Francisco Maria da Silva. Em 1999 abandonou a sua missão, sendo substituído por D. Jorge Ortiga. Durante esses vinte e dois anos acabou por ser considerada uma das figuras mais conservadoras da hierarquia da Igreja Católica. Ficou célebre a opinião reprovadora de D. Eurico Nogueira sobre o filme O Império dos Sentidos, de Naguisa Oshima. A película que contém cenas de sexo explícito foi exibida às 21h55 de uma terça-feira, em 1991, na RTP2. O arcebispo comentou, em entrevista ao Expresso: “Aprendi mais em meia-hora a ver O Império dos Sentidos do que em 67 anos de vida”, disse, acrescentando ter tido “horríveis vómitos”. Ao Público sugeriu que o melhor horário para “filmes assim” seria “às duas ou três da noite, que será hora adequada para marginais e certos doentes”.
O corpo do arcebispo emérito de Braga estará a partir das 10h00 na Sé de Braga. Às 17h00 será celebrada missa e o funeral realiza-se quarta-feira, às 15h30.