As provas finais do 4º e 6º anos realizadas esta quarta-feira, 21 de maio, dividem opiniões. A Associação de Professores de Matemática (APM) considera que a prova final de Matemática do 1º ciclo do ensino básico é “extensa” e tem “um grau de complexidade considerável”. Em comunicado, a APM refere que há questões na prova que apresentam uma “formalidade de linguagem” e um grau de interpretação “pouco adequado” aos alunos daquela faixa etária.

A Sociedade Portuguesa de Matemática (SPM), pelo contrário, diz que o exame do 4º ano tem uma “extensão e grau de exigência apropriados à avaliação das capacidades dos alunos”. A SPM reconhece o nível elevado de complexidade, mas avalia-o como um estímulo ao “trabalho dos melhores alunos”. No parecer que emitiu, acrescenta também que há equilíbrio entre questões de resposta imediata e outras que implicam raciocínios de um ou dois passos.

A prova do 2º ciclo consegue reunir algum consenso nas opiniões. Tanto a APM como a SPM concordam que a prova do 2º ciclo está elaborada de acordo com o Programa de Matemática do Ensino Básico. A APM considera “desadequadas” algumas escolhas nas quantidades numéricas que “desviam o aluno do essencial” e “introduzem dificuldades desnecessárias”.  A Sociedade de Matemática reage da mesma forma, e classifica de “excessiva” a insistência “no elevado número de dígitos” envolvido nos cálculos intermédios. Acrescenta que se corre o “risco de se estar a introduzir dificuldades desnecessárias e marginais ao que se pretende avaliar.”

Ainda assim, a SPM continua uma avaliação positiva dos exames finais, considerando que 60% da prova do 2º ciclo, em particular, permite que “qualquer aluno” esteja em condições de transitar para o 3º ciclo.

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A Associação de Professores de Matemática reafirma que está contra a realização destas provas no 1º e 2º ciclo do ensino básico porque, diz, “há outros instrumentos mais adequados para o fazer”, como as provas de aferição. Além disso, as provas finais não avaliam as aprendizagens dos alunos “de uma forma completa”, apontam os professores. Acrescentam ainda que este tipo de provas não se realizam “na generalidade dos países da Europa”.  A Sociedade Portuguesa de Matemática manifesta uma opinião contrária, referindo que a prova é um “estímulo real para a melhoria da qualidade do ensino”. De resto, desde que se realizam provas finais nos diversos graus de ensino que a prestação dos alunos portuguesas nas provas PISA, organizadas pela OCDE, tem vindo a melhorar.

O ministro da Educação esteve esta quarta-feira numa escola em Mafra, onde referiu que as escolas “tiveram muito tempo para planear a maneira de fazer as provas, de organizar a vida dos alunos para isso e é algo normal na vida das escolas, que têm autonomia para se organizarem”, esclareceu.

No total, cerca de 210.000 alunos realizaram a prova final de matemática, do 4.º e do 6.º ano. Os resultados serão afixados a 12 de junho, de acordo com o ministério.