A Feira Nacional da Agricultura, que se realiza anualmente no Centro Nacional de Exposições, em Santarém, é um evento que se tem tornado, ano após ano, num espaço privilegiado para a difusão de mensagens políticas. Não há político nacional – e até alguns estrangeiros – que queira faltar.
Paulo Portas será, possivelmente, o mais mediático. O vice-primeiro-ministro e líder do CDS-PP é presença habitual no certame, como também em muitas outras feiras, mercados e festas populares. “Paulinho das feiras”, como é conhecido, sente-se confortável com o aposto. “Onde é que eu posso encontrar pessoas e não custa dinheiro juntá-las?”, perguntou Paulo Portas ao seu diretor de campanha certa vez. “Ou nos centros comerciais ou nas feiras”, responderam-lhe. “Então vamos para as feiras”. E foi mesmo. E não mais parou.
“Só vai às feiras quem pode andar de cabeça erguida”, dizia Portas em 2011. Este ano, o responsável pela diplomacia económica no Executivo “feirou pouco”, relata O Ribatejo. Portas, que esteve no evento no mesmo dia que Assunção Cristas e Passos Coelho – que, aliás, recusou toda a comida que lhe ofereceram -, aproveitou para petiscar e ainda deixar a garantia a cerca de 1.200 agricultores que “não haverá ruturas nem demoras na transição entre um quadro comunitário de apoio para outro”.
António José Seguro é outro dos políticos que não dispensa uma ida ao evento, pelo menos desde que ocupa o cargo de secretário-geral do PS.
No ano passado, Portas foi à feira a 15 de junho e também falou das ajudas comunitárias, aí para responder a António José Seguro, que exigira mais firmeza nas negociações sobre os novos quadros para a agricultura. “O Proder da agricultura é para aplicar na economia, não é, como há uns anos atrás, para ficar no cofre do Estado”, atirou Portas, que, para provar que não brincava quando disse que só ia falar de agricultura nessa ocasião, até se referiu à sigla FMI como “Fruta, Milho e Investimento”.
Seguro é outro dos políticos que não dispensa uma ida ao evento, pelo menos desde que ocupa o cargo de secretário-geral do PS. Este ano, já no meio de uma conturbada crise dentro do partido, António José Seguro, que esteve na feira no dia 8 de junho, disse que o Presidente da República não podia “ficar indiferente” nem “refugiar-se em palavras de circunstância” no seu discurso do Dia de Portugal, especialmente perante uma situação nacional que classificou de “particularmente grave”.
Cavaco Silva dedicou o seu discurso do 10 de junho do ano passado à agricultura. Também ele é presença assídua na feira. Em 2012 até a inaugurou. Este ano, o Presidente não tem nenhuma visita prevista, até porque o certame, que decorre até 15 de junho, colidia com as cerimónias oficiais do Dia de Portugal, na Guarda.
O anunciado candidato à liderança do PS, António Costa, justificou a presença em Santarém com a vontade de “testemunhar o esforço extraordinário que os agricultores portugueses têm estado a fazer.
Mas nem só de altas figuras do Estado e do líder do maior partido da oposição se faz a Feira Nacional da Agricultura. Este ano, até o presidente da câmara de Lisboa – onde a agricultura é residual -, António Costa, não perdeu o evento. O anunciado candidato à liderança do PS justificou a presença em Santarém com a vontade de “testemunhar o esforço extraordinário que os agricultores portugueses têm estado a fazer para, em contraciclo, suportarem um grande esforço de investimento que tem permitido que este seja um setor” em crescimento.
Outras figuras políticas também vão à feira. Este sábado, por exemplo, será a vez de Luís Nuno Neto de Viveiros, Secretário Regional dos Recursos Naturais dos Açores de manhã e de Catarina Martins e Marisa Matias, do Bloco de Esquerda. Jerónimo de Sousa, secretário-geral do PCP, também já lá foi e pediu “outra política que tenha em conta as especificidades da agricultura nacional e que promova a produção, defendendo a pequena e média agricultura”.
Os ministros espanhóis que tutelam a pasta da agricultura são visita assídua ao recinto do Centro Nacional de Exposições.
A Feira Nacional da Agricultura parece ser um evento de relevância internacional, pelo menos a nível político. Os ministros espanhóis que tutelam a pasta são visita assídua ao recinto do Centro Nacional de Exposições. Em 2010, até o Comissário Europeu para a Agricultura e Desenvolvimento Rural, Dacian Cioloş, esteve presente em Santarém para debater o futuro da Política Agrícola Comum. Isto no mesmo ano em que outra figura de destaque internacional também marcou presença nas festividades: Tony Carreira.