O presidente da TAP adiantou nesta quarta-feira que as investigações ao incidente com o avião da companhia, que sucedeu no sábado passado, revelam que foi “uma palheta da turbina de alta” que se soltou, um problema da responsabilidade do fabricante. No sábado, duas viaturas e uma habitação em Camarate, Loures, ficaram danificadas depois de terem caído peças de um Airbus 330 da TAP que descolava, com 268 pessoas a bordo, com destino ao Brasil.
Hoje, em entrevista à Lusa, Fernando Pinto garantiu que não foi “um problema da empresa [TAP]”, mas “um problema do fabricante”, já que a manutenção desta peça é feita por estes, no caso a General Electric (GE). “O motor que deu o problema é dos mais voados do mundo. É um motor extremamente testado, mas factos como este acontecem. O transporte aéreo é seguro, porque os nossos tripulantes são treinados a fazer a aterragem monomotor”, defendeu.
A questão está agora a ser analisada e a GE, “o maior fabricante mundial de turbinas, sem dúvida nenhuma”, diz Fernando Pinto, “tem um histórico de resolução desse tipo de problemas muito rapidamente”. A peça em causa é “a zona mais quente do motor, logo depois da saída da câmara de combustão e essa palheta, aparentemente, sofreu algum tipo de corrosão”, disse Fernando Pinto, acrescentando que esta “é uma peça única”, que “não é soldada”.
Por enquanto, adiantou, a GE avançou com um plano de prevenção. Ainda antes do tempo normalmente exigido, estão a ser removidas e inspecionadas outras peças destas, até se descobrir a razão da falha que esteve na origem do incidente de sábado. “O próprio fabricante já nos deu apoio, fornecendo um motor de reserva para isso” de forma a que a TAP não tenha aviões imobilizados, afirmou o presidente da TAP.
Um somatório de fatores associados a um crescimento do tráfego acima do esperado têm conduzido a cancelamentos de voos, o que Fernando Pinto classifica como “dores de crescimento”.
O presidente da TAP admitiu que um somatório de fatores associados a um crescimento do tráfego acima do esperado têm conduzido a cancelamentos de voos, o que classifica de “dores de crescimento”, que espera estarem sanadas em agosto. Em entrevista à Lusa, Fernando Pinto explicou como “vários fatores” estão a abalar a operação da companhia, levando a que o índice de cancelamentos da TAP passasse de uma média de 1% para 2% em junho e julho. Um valor que, embora “alto”, considere que deve ser “relativizado”, pois representa uma média de sete voos cancelados em 350 diários.
“Tivemos um atraso na receção dos [seis] aviões, também um atraso na formação, sobretudo de tripulantes. Neste momento, conseguimos formar cerca de metade dos tripulantes que gostaríamos de ter formado”, declarou. O atraso no reforço da frota e do pessoal, indispensável para operar as 11 novas rotas lançadas em julho pela TAP, agravou-se com um crescimento do tráfego acima do esperado.
“Não se considerou o efeito muito forte do crescimento. Não contávamos que acontecesse. Sem as novas rotas, crescemos 7% no primeiro semestre, o que é algo absolutamente impressionante e não tem comparação na Europa”, adiantou o presidente da companhia aérea nacional. Fernando Pinto apelidou esta ‘dificuldade’ em acomodar “crescimento [de rotas] em cima de crescimento [de tráfego] como “dores de crescimento”.
Fernando Pinto reconheceu ainda que os atrasos e cancelamentos fazem “mossa” à companhia, antecipando uma normalização da operação “até à primeira quinzena de agosto”.
“Portugal precisa de nós, o turismo precisa de nós, temos feito a nossa parte, mas estamos a sofrer as dores do crescimento”, declarou, acrescentando que “tem dado trabalho”. Fernando Pinto reconheceu ainda que os atrasos e cancelamentos fazem “mossa” à companhia, antecipando uma normalização da operação “até à primeira quinzena de agosto”. Aos passageiros, agradece a preferência e “pede desculpa por todos os incómodos”, sustentando que “a TAP fica mais triste [com os cancelamentos] com isso do que o próprio passageiro”.
A agravar a situação, prosseguiu, o Mundial de Futebol fez com que fosse quase impossível fretar aviões a outras companhias aéreas para responder à procura. A estes fatores somam-se ainda a recente greve de controladores aéreos em França, o incidente com um avião da TAP no sábado em Lisboa, entre outros que enumerou, que prejudicaram a operação no seu todo.
Sobre o atraso na entrega dos seis novos aviões (quatro de médio curso e dois de longo curso) com que a TAP reforçou a frota, Fernando Pinto admitiu que as previsões podiam ter sido “mais conservadoras”, explicando que também houve demora na receção de peças para fazer a adequação dos veículos comprados a outras companhias para voar na TAP.