Uma “ação de guerrilha”, com uso de bombas de fragmentação, coquetéis molotov e outros engenhos de fabrico artesanal, estava prevista para o dia da final do Mundial de futebol, segundo um relatório da Polícia Civil do Brasil.

O inquérito da Polícia Civil sobre atos de violência em manifestações – a cujo relatório final de duas mil páginas o jornal O Globo teve acesso – foi iniciado em setembro passado e levou à Operação Fire Wall, com ordem de prisão preventiva para 23 pessoas. Dessas 23 pessoas, 18 continuam foragidas, tendo o tribunal negado aos outros o pedido de habeas corpus.

Segundo o relatório, o grupo investigado, que tinha uma hierarquia rígida, apostava na feitura e colocação de bombas, coquetéis molotov e “ouriços” (peças feitas com pedaços de barras de ferro), com o objetivo de ferir polícias e furar os pneus das patrulhas.

A hierarquia teria no topo a ativista Elisa Quadros Pinto Sanzi, “Sininho”, enquanto a comissão de organização era encabeçada pela professora de filosofia Camila Rodrigues Jourdan.

A 28 de junho a polícia apreendeu, numa área de vegetação da Praça Saens Peña, no Rio de Janeiro, 178 “ouriços” e 20 bombas, escondidos em sacos, que deveriam ser utilizados numa ação de protesto naquele mesmo dia – um facto que Camila Jourdan comentou, em mensagens intercetadas pela polícia: “Foram três dias de trabalho jogados fora. Perdemos tudo, é isso?”, disse a um interlocutor.

Os engenhos seriam utilizados por um terceiro nível da organização, os Black Blocs, descrito no relatório como “uma linha de frente”, vocacionada para operar no terreno.

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