O Comité de Controlo Financeiro dos Clubes da UEFA está a investigar o Sporting porque o clube apresentou resultados que ameaçam o “Fair Play Financeiro” da UEFA nos exercícios das épocas desportivas de 2011/12 e 2012/13. Nesses dois anos, o clube português apresentou resultados líquidos consolidados negativos de 45,9 e 43,8 milhões, respetivamente. No mesmo barco estão Mónaco, Roma, Beşiktaş, Inter, Krasnodar e Liverpool. A UEFA anunciou esta quinta-feira que estes clubes serão monitorizados durante outubro e novembro e que poderão ser alvos de medidas conservadoras.

Serão 115 ao todo os clubes que estarão sobre vigilância mais apertada e que terão de prestar informações detalhadas até ao final de 2014. Segundo a UEFA, as novas regras do “Fair Play Financeiro” introduzidas já tiveram impacto positivo: os défices dos clubes nas primeiras divisões de futebol da Europa baixaram de 1.7 mil milhões de euros, em 2011, para 800 milhões de euros em 2014.

As regras do “Fair Play Financeiro” da UEFA ditam que cada clube que compita nas provas europeias tenha de respeitar um ponto de equilíbrio financeiro (‘break-even’, escrito em inglês). Em suma, que não gastem mais dinheiro do que aquele que ganham. Por isso, em 2011, a UEFA começou a analisar as contas consolidadas dos clubes no final de cada época desportiva.

O comunicado emitido pelo Sporting:

Os clubes participantes nas competições Europeias, em provas da UEFA, têm de cumprir um conjunto de requisitos em termos do Licenciamento de Clubes da UEFA e dos Regulamentos do Fair-Play Financeiro.

Como já era do conhecimento público a Administração da Sporting SAD presidida pelo Engº Godinho Lopes ultrapassou os valores limites do fair-play financeiro, não cumprindo nas épocas de 2011/12 e 2012/13, os valores definidos como deficit máximo permitido, apresentando 45,9 milhões de euros e 43,8 milhões de euros, respetivamente, ao invés dos máximos permitidos.

Recordamos que este facto foi repetidamente alertado pela atual Administração da Sporting SAD e pelo Conselho Diretivo do Sporting Clube de Portugal, desde a sua tomada de posse, junto dos Sócios e adeptos, nomeadamente em diversas intervenções públicas.

A atual Administração da Sporting SAD, desde a primeira hora do seu mandato, tomou conta com responsabilidade desta realidade e desde logo adoptou um conjunto de medidas rigorosas para infletir a difícil situação encontrada e poder vir a cumprir todos os requisitos necessários ao fair-play financeiro.

Os resultados destas medidas são já visíveis, nomeadamente com o plano de reestruturação financeiro aprovado com os bancos e os resultados apresentados relativos à última época, com o regresso aos lucros e uma melhoria de cerca de 44 milhões de euros. No plano desportivo, assinala-se também o regresso à Liga dos Campeões. Muito se tem feito mas também é verdade que muito há ainda por fazer.

No entanto, a situação infelizmente herdada e que viola o estipulado em termos do exigido ao nível do fair-play financeiro obriga a que a Comissão de Controlo Financeiro de Clubes da UEFA dê inicio a uma investigação aos factos anteriormente referidos no âmbito das suas competências.

O Sporting irá colaborar com toda a investigação da Comissão de Controlo Financeiro de Clubes da UEFA respondendo às solicitações que lhe forem colocadas, demonstrando todo o esforço desenvolvido, as medidas aplicadas e os resultados já registados para cumprir o fair-play financeiro.

Este tema não é novo, é apenas mais um dos problemas graves e complexos com que nos debatemos diariamente.

Para as temporadas de 2011/12 e 2012/13, a entidade que gere o futebol europeu permitia que os clubes tivessem até um prejuízo de 45 milhões de euros — na primeira época, aliás, até se excluíam das contas as despesas relativas a contratos assinados com jogadores antes de 1 de junho de 2010. Em teoria, a UEFA só consentiria resultados negativos caso eles estivessem “inteiramente cobertos por uma contribuição/pagamento por parte do(s) dono(s) do clube ou entidade envolvida”, lê-se, no site oficial da UEFA.

O Observador aguarda resposta às perguntas endereçadas à UEFA.

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