“Cuscar
(cusco + -ar)
verbo transitivo e intransitivo
[Informal]  Intrometer-se de forma mais ou menos indiscreta para satisfazer a curiosidade. = bisbilhotar, mexericar”

Fonte: Dicionário Priberam da Língua Portuguesa

Não resiste a uma boa fofoca, cusquice, mexerico? Não se preocupe, não é o único. E, a avaliar pelas conclusões de um novo estudo holandês, citado no Huffington Post, pode ter encontrado a desculpa certa para o fazer: os boatos podem ajudá-lo a avaliar os seus comportamentos e desempenho, segundo os investigadores. E, como consequência, a melhorá-los.

“Os destinatários dos boatos tendem a usar as informações positivas e negativas do grupo para melhorarem, promoverem-se e protegerem-se a si próprios”, explica o estudo liderado por Elena Martinescu, da Universidade de Groningen, na Holanda. E acrescenta: “As pessoas precisam de informação que permita avaliar os outros para se avaliarem a si próprias”.

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As conclusões basearam-se em duas experiências. A primeira incluiu 178 alunos de uma universidade que já tivessem trabalhado em, pelo menos, um trabalho de grupo, com quatro ou mais estudantes, a quem foi pedido que descrevessem um incidente específico: o momento em que um membro do grupo tivesse partilhado informação positiva ou negativa sobre a confiança de outro membro. Destas memórias, os investigadores receberam 85% de relatos positivos e 93% negativos.

De seguida, os participantes tiveram de explicar em que medida concordavam com o que tinha sido dito pelo colega e, a sustentarem as justificações, fizeram frequentemente alusão a si próprios. Exemplos: “A informação que recebi fez-me ver que podia aprender muito com ‘x’“, “A informação que recebi fez-me ver que estou a agir bem” e “A informação que recebi fez-me ver que tenho de preservar a minha imagem no grupo“.

A segunda experiência envolveu um faz de conta: 122 estudantes fingiram que eram comerciais de uma grande empresa e que tinham ficado a saber, através de um colega, que outro colega tinha obtido uma avaliação de desempenho muito boa (ou muito má). Depois, tiveram de explicar o que sentiram quando ouviram o rumor, além de terem sido sujeitos à experiência do primeiro grupo.

A conclusão foi unânime: ambos os grupos consideraram que os boatos, positivos ou negativos, acarretavam um valor pessoal. Por um lado, os positivos permitiam perceber como é que podiam melhorar o seu comportamento. Por outro, os negativos faziam com que se sentissem orgulhosos de si próprios, na comparação que estabeleciam com o alvo do boato.

“Ao contrário das perceções anteriores, a maior parte dos boatos negativos não visa ferir o alvo do rumor, mas agradar a quem conta e ouve o boato”, escrevem os investigadores. Mais: faz com que fiquem preocupados com a sua reputação, receando que, no futuro, sejam eles o alvo da fofoca. Como diz o ditado, “nas costas dos outros vemos as nossas”?

Aproveite e passe a palavra. Melhor: ‘cusque’ mais um bocadinho.