O músico, que começou por tocar guitarra portuguesa e bandolim, é um dos pioneiros da introdução da viola baixo no fado, por iniciativa de Martinho d’Assunção, de quem era aluno.

Numa entrevista à Lusa, o músico contou que, muitas vezes, no meio fadista, se referiam à viola baixo, como “o frigorífico”, dado o seu tamanho.

Joel Branco fez parte do Conjunto de Guitarras de Martinho d’Assunção, assim como do de Raul Nery e, durante 38 anos, até à morte da fadista, acompanhou Amália Rodrigues.

De Amália, em declarações à Lusa, afirmou só ter “boas recordações”, acrescentando que “foi única, quer pela voz e interpretação, como a forma de estar no palco e fora dele”. “Sempre educada, delicada e atenciosa”.

O documentário, intitulado “Joel Pina, o professor”, de Ivan Dias, que já realizou outros trabalhos fílmicos sobre o fado, é apresentado na quinta-feira, às 19:00, no Museu do Fado, em Lisboa, com a presença do músico e do realizador.

João Borges Pina, de nome de batismo, nasceu na aldeia de Rosmaninhal, no concelho de Idanha-a-Nova, profissionalizou-se em 1949, e ainda hoje toca.

Recentemente, subiu ao palco do Centro Cultural de Belém, para acompanhar Ricardo Ribeiro, a pedido do fadista que assim o quis homenagear.

Joel Pina veio para Lisboa em 1938, tocou em diversas casas de fado, como o Café Luso, a Adega Mesquita, de que guarda memória “dos belos petiscos da Tia Adelina”, e a Adega Machado, onde esteve dez anos.

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Em comunicado o Museu do Fado realça: “São estes 94 anos que contam quase toda a história do Fado. É uma vida que conta muitas vidas e que é um contributo único para percebermos a história do Fado”.

“Tudo isto lhe pertence. A vida deu-lhe o que lhe estava destinado. Como ele próprio costuma dizer, ‘O que é nosso, à mão nos virá ter'”, remata o Museu.

No meio fadista, Joel Pina é tratado respeitosamente por “professor” e acompanhou praticamente todos os fadistas. Entre outros, contam-se ainda Carlos do Carmo, Carlos Zel, João Braga, Fernando Farinha, João Ferreira-Rosa, Teresa Silva Carvalho, Teresa Tarouca, Vicente da Câmara, Fernanda Maria, Celeste Rodrigues, Carlos Ramos, Lenita Gentil, Nuno da Câmara Pereira, Rodrigo, Maria Amélia Proença, Fernando Maurício, José Coelho, Maria da Fé, Tony de Matos, Max e, mais recentemente, Cristina Branco, Joana Amendoeira e Ricardo Ribeiro.