O primeiro-ministro desafiou esta terça-feira o PS a esclarecer se quer contas certas ou se “continua à procura de desculpas” para manter défices e dívida, pedindo aos socialistas para definirem a estratégia orçamental antes das próximas eleições. O presidente do PSD discursava na Alfândega do Porto, no encerramento das quartas Jornadas “Consolidação, Crescimento e Coesão”.

Passos Coelho, que disse esperar “ter com o PS um bom debate no Parlamento acerca da reforma do IRS e da reforma da fiscalidade verde”, deixou o desafio: os socialistas devem revelar a sua “estratégia orçamental para os próximos quatro anos” antes das eleições.

“Seria possível termos um entendimento com o principal partido da oposição nesta matéria? Desejável é, mesmo que depois a política orçamental de cada um possa não ser igual. Mas é preciso saber se estes objetivos se vão manter ou não”, enfatizou.

O líder social-democrata disse, ainda, estar apostado em terminar com “a sina” de, de década em década, Portugal ter de pedir um resgate, exortando o PS a seguir-lhe o exemplo.

“Sobretudo aqueles que com verosimilhança podem dizer-se e apresentar-se como tendo a ambição de poder vir a governar no futuro, têm de nos dizer se estão de acordo com isto, com contas certas, ou se continuam sempre à procura de desculpas para manter défices e dívida. E se querem contas certas, como é que vão fazer”, perguntou, num claro desafio ao PS.

Na opinião do presidente do PSD, as contas certas não são uma “obstinação ideológica” mas sim uma questão de saber se “queremos ser um país desenvolvido ou não”. “Eu acho que nós temos todas as condições para poder ser um país desenvolvido e, para isso, as nossas contas têm que bater certas. Sempre que se trata de tirar conclusões sobre isto, a oposição emigra, tem necessidade de sair da conversa. E é pena. Temos de convidar a oposição a regressar ainda mais depressa a este debate”, observou.

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Dirigindo-se ao candidato socialista a primeiro-ministro, António Costa, que no sábado acusou o Governo de se dedicar a combater a oposição do PS em vez de governar, Pedro Passos Coelho garantiu que “se há coisa de que não podem acusar o Governo é de não governar”.

“Se há coisa de que não podem acusar o Governo é de não governar. Pode-se discordar daquilo que o Governo faz mas não se pode dizer que o Governo se furta às suas responsabilidades de governar”, respondeu.

Passos Coelho admitiu que estar “na oposição é sempre muito difícil” – valorizando essa circunstância, uma vez que já esteve nesse lugar – mas considerou, contudo, possível estar na oposição “e saber na mesma colocar o nosso país em primeiro lugar”.