A 18 de julho, 13 dias antes da intervenção pública no BES, a ministra das Finanças teve uma reunião com o governador do Banco de Portugal, na qual lhe foi sugerida, por Carlos Costa, a criação de um “grupo de trabalho para operacionalização de soluções alternativas para uma eventual recapitalização do BES com apoio público”, noticia o jornal Público, nesta quarta-feira.

No dia anterior a esta reunião, Maria Luís Albuquerque foi ao Parlamento garantir: “Não estamos a preparar recapitalização do BES.” “O Governo não se pronuncia, o Governo não interfere nessa matéria”, disse. A ministra das Finanças chegou a garantir nesse mesmo dia, 17 de julho, que “nada indica que a recapitalização [do BES] seja necessária”.

No dia seguinte, porém, essa era uma hipótese que constava de uma ata da reunião presidida pela ministra.

Carlos Tavares, presidente da Comissão de Mercado de Valores Mobiliários, e José Almaça, presidente do Instituto de Seguros de Portugal, também estiveram presentes nessa reunião, que decorreu no ministério das Finanças, às 16 horas. Era 13ª reunião do Comité Nacional para a Estabilidade Financeira, de acordo com as atas a que o jornal Público teve acesso.

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Na audição na comissão parlamentar de inquérito, na segunda-feira, o governador admitiu que a recapitalização com recurso ao fundo da troika foi um dos cenários de contingência estudado ainda quando o Plano A era realizar um aumento de capital com investidores privados.

Carlos Costa acabou por remeter para o Banco Central Europeu a palavra definitiva quanto à solução adotada para o BES, referindo que a única alternativa à resolução era a liquidação.