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O Alentejo encanta o mundo. E recebe prémios atrás de prémios

Este artigo tem mais de 5 anos

Em doze meses o Alentejo foi eleito a "melhor região vinícola do mundo", bem como um dos 21 "melhores destinos para se visitar", e viu o cante alentejano ser considerado património da humanidade.

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Luis Davilla

Luis Davilla

O “celeiro de Portugal”, situado mesmo “abaixo do coração do país”  e que seduz pelo “ritmo lento” que lhe está associado. Era assim que no início do ano a National Geographic Traveler descrevia o Alentejo, considerado pela revista um dos 21 melhores destinos a visitar em 2014 ao lado de sugestões como Cabo Verde, Nova Orleães ou Puglia, na Itália. A distinção parece ter determinado o (bom) Karma para os restantes meses, com a região a somar prémios atrás de prémios e os valores no setor do turismo a constatarem uma evidência, o Alentejo está melhor e recomenda-se — segundo o Instituto Nacional de Estatística, o número de dormidas de não residentes registadas até setembro, 24,9%, superou o total verificado em todo o ano de 2013.

Com os elogios longe de cessar, em maio era a vez do britânico Guardian falar do destino — que produz metade do vinho no país e é líder mundial na produção de cortiça — como a “nova Toscana” ou a “Toscana mais acessível”. O artigo redigido por Adrian Mourby dava conta da riqueza gastronómica e vinícola e “oferecia” ideias onde comer, beber e dormir — nem de propósito, o wine resort L’And Vineyards, em Montemor-o-Novo, foi uma das referências na primeira categoria, cujo restaurante ao comando do chef Miguel Laffan e apostado na reinterpretação da cozinha portuguesa manteve a estrela Michelin em 2014.

No currículo de uma região que ocupa 33% do território nacional há também espaço para uma menção global, a de “melhor região vitivinícola do mundo a visitar”. O título resultou de uma votação promovida pelo USA Today, o maior diário norte-americano, e pelo portal para viajantes 10Best. A região portuguesa ficou à frente de nomes importantes no universo vínico — como Champanhe, em França, e a espanhola La Rioja –, num total de 20 candidatos pré-selecionados pelos peritos Frank Pulice e Kerry Woolard. Talvez por isso a próxima cidade europeia do vinho se encontre em pleno Alentejo. Reguengos de Monsaraz foi escolhida pela Rede Europeia das Cidades do Vinho (RECEVIN) e bateu em concurso a Bairrada, Monção e Melgaço.

(A linha de tempo em baixo é interativa e vai guiá-lo pelas principais notícias sobre o Alentejo ao longo do ano. Basta clicar do lado direito ou na linha de tempo na parte inferior)

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A imprensa internacional, ao que parece, tem estado de acordo no que à qualidade do vinho e sabores alentejanos diz respeito. Isto porque também Évora teve direito a subir ao pódio. Em setembro, foi nomeada pelo Daily Meal uma das nove melhores cidades do mundo pela oferta que faz chegar ao prato e ao copo. “Quando pensamos em Portugal, pensamos em Lisboa, mas Évora merece definitivamente a nossa atenção”, escreveu, então, o jornalista Aly Walansky. Isto porque na cidade medieval de “pratos originais”, é possível encontrar “pequenos restaurantes que servem muitos petiscos”, vinho de primeira categoria e sobremesas “clássicas inventadas nos conventos de Évora no século XVI”.

Mas nem só de tradição se vive no Alentejo. Foi nestas terras que nasceu a primeira cerveja biológica da Península Ibérica. A Sant’iago — uma combinação de água, malte, lúpulo e levedura servida em garrafas de meio litro — veio ao mundo há coisa de dois meses, proveniente da única destilaria/cervejaria biológica do mundo, Oficina de Espíritos. A produção artesanal goza de “métodos ancestrais” e, claro, de produtos biológicos.

“Não querendo fazer frente a nenhuma cerveja artesanal, porque não as conheço a todas, penso que as pessoas que começaram a fazer cerveja artesanal quiseram começar a inventar. E nós tentámos fazer uma cerveja que soubesse a cerveja. É uma cerveja feita de cevada, como algumas cervejas industriais, só que é feita com métodos ancestrais”, disse João Monteiro, relações públicas da empresa, ao Observador.

Os feitos alentejanos ganharam novamente proporções globais com o cante a ser considerado Património Cultural Imaterial da Humanidade, pela UNESCO. A decisão veio diretamente de Paris no final de novembro, três anos depois de o Fado ter semelhante distinção. À data, o presidente da Câmara Municipal de Serpa, Tomé Pires, disse ao Observador que a chancela da UNESCO ao cante alentejano podia abrir muitas portas. Ao objetivo de salvaguardar e transmitir o cante, é preciso também “começar a pensar em tornar este ativo cultural numa ativo económico, para ajudar a sustentabilidade do cante e o desenvolvimento da nossa região”.

E para a acabar o ano em beleza, o espanhol El País publicou na passada sexta-feira, 12 de dezembro, um artigo no qual apelidou a região em causa de “finura rural”, dando destaque a Moura, Estremoz, Elvas e Monsaraz, isto é, “vilas portuguesas que dialogam com o campo e que souberam preservar uma naturalidade elegante”.

A julgar pelo sucesso além-fronteiras, a região de uma paisagem diversa, com sobrados, oliveiras e praias à mistura, promete continuar na mó de cima e a tempo de uma resolução de fim de ano. Do que está à espera?

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