O ministro Adjunto Miguel Poiares Maduro afirmou esta quarta-feira que o Governo olhava com “estranheza” para os custos da grelha da televisão pública apresentados pelo conselho de administração da RTP que não tinham “correspondência comercial” em termos de receita. A justificação para estes gastos, segundo o ministro, foi só conhecida pelo executivo através dos jornais quando se soube da compra de direitos da Champions – uma forma “desagradável” de conhecer este negócio assinalou Poiares Maduro.

Perante a Comissão para a Ética, a Cidadania e a Comunicação no Parlamento, o ministro enfrentou várias críticas vindas da oposição, nomeadamente sobre os comentários de Marques Guedes quando a negociação dos direitos da Liga dos Campeões pela RTP foi conhecida, instando uma investigação sobre o assunto constituiu uma pressão do executivo sobre o Conselho Geral Independente (CGI) para destituir a administração de Alberto da Ponte.

“Numa empresa que, ainda por cima, tem dificuldades financeiras e num País que atravessa as dificuldades financeiras que atravessa, não deveria ser o operador público de serviço público a intrometer-se nesse mercado. E foram essas as orientações que o Governo deu quando a responsabilidade era sua”, disse Marques Guedes a 20 de novembro

Maduro recusou que tivesse havido qualquer pressão e disse que tal como os partidos políticos, o próprio Governo, por não ter qualquer influência na RTP devido aos novos estatutos que atribuem responsabilidade ao CGI, pode comentar a atuação da administração. “Só comprova que o modelo já começou a despartidarizar o debate”, afirmou o ministro.

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Sobre a próxima administração, Maduro assegura que ao Governo só cabe a investidura de quem vier a ser escolhido pelo CGI e que a destituição de Aberto da Ponte terá de ocorrer em Assembleia Geral.

Poiares Maduro diz mesmo que o Governo preferiu não assinar o novo contrato de concessão com o atual conselho de administração pois “podia ser entendido” como uma forma de pressão. O ministro afirmou ainda que o novo contrato de concessão não põe de lado a transmissão de futebol no canal público, mas “não todos os direitos da Liga dos Campeões”, afirmando que o Governo soube pelos jornais da compra dos direitos.

Apesar das críticas a este modelo, que têm surgido da esquerda à direita, Poiares Maduro argumenta que as críticas à possível falta de independência do CGI são infundadas. “Estamos todos a aprender a trabalhar com este modelo”, defende o ministro, frisando que nos países onde o serviço público de televisão é considerado com maior qualidade, os conselhos de supervisão são independentes não há intervenção do Governo.