“All I want for Christmas is you”. É verso de uma daquelas músicas que por esta altura tocam em todo o lado. Na rua, nos centros comerciais, passa o hit de Mariah Carey. Mas também o mais tradicional “Jingle Bells” e muitos outros temas alusivos à época, o Natal. Mas, há quase sempre um “mas”, essas músicas que nos acompanham por estes dias são todas, ou quase todas, antigas. Têm mais de 20 anos, assegura Allison Stewart, escritora americana, num artigo publicado no jornal Washington Post.

Qual será o problema? As músicas de Natal já atingiram o auge ou os cantores perderam qualidade? Segundo Allison Stewart nem uma nem outra. A questão passa por uma crescente exigência do público e uma cada vez mais tardia fase da carreira de quem se propõe a escrever para esta altura tão específica. Mas nem só de críticas vive o artigo, a escritora deixa as dicas para reverter o fenómeno ao qual nem o menino bonito da pop, Justin Bieber, conseguiu dar a volta.

As músicas anti-Natal dos anos 80 e 90

Anjos e o nascimento do menino Jesus, as famílias felizes sem problemas. Até aos anos 80 a fórmula para um hit de Natal passava, muito, por aqui, diz Allison Stewart, mas isso mudou. Começaram a surgir as músicas “anti-Natal”, diz a escritora. Um exemplo? Quando os Run-D.M.C.’s lançaram “Christmas in Hollis”, em 1987, que começou a lembrar-nos que nesta altura do ano que o melhor é não ir a um centro comercial.

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Esta foi uma das primeiras músicas que deixaram de cantar a ideia dos anjos a anunciar o nascimento do Menino Jesus, do Pai Natal de saco cheio de presentes para as crianças ou de uma típica família a festejar numa altura em que os problemas tiram férias. Nos anos 80 havia um novo espaço musical de Natal e quanto a isso parecem não ter restado dúvidas, principalmente quando os Wham!, em 1984, cantam num jingle de Natal uma música que fala de um coração partido .

Dez anos passaram mas a fórmula permaneceu, a paz e o amor do Natal já não faziam sucesso. Estávamos em 1994 quando Mariah Carrey faz a sua lista de Natal, como tantas outras pessoas a cantora apenas pediu um presente. Neste caso, o presente era o seu amor embrulhado debaixo da árvore de Natal, e mesmo duas décadas depois há poucos que não saibam o refrão de cor ou que não peçam o mesmo.

Mas e hoje em dia? Qual é a música pop de Natal que marcou a última década? Custa pensar numa melodia que se repita tanto como as já faladas. Não foi por falta de tentativa, Faith Hill tentou com “Where are you Christmas?” e mesmo o canadiano Justin Bieber tentou a sua sorte com “Mistletoe” mas nada parece durar. Fez-se inclusive um regresso ao passado com o grupo católico NewSong’s a cantar o “The Christmas Shoes”, mas as músicas que continuam a repetir na rádio são as dos anos 80 e 90.

Como fazer uma música de sucesso?

A autora explica o porquê de cada vez menos cantores arriscarem produzir álbuns ou músicas de Natal, embora sejam um negócio muito lucrativo:

  • A maioria das músicas são antigas o suficiente para serem reproduzidas de maneira livre, isto é sem se pagar aos compositores
  • Escrever as letras é um exercício de gratificação tardia
  • A fórmula para se ser memorável é cada vez mais difícil
  • As audiências são cada vez mais exigentes
  • É uma coisa que se faz no final da carreira
  • Hoje em dia as letras têm que ser socialmente responsáveis

Allison Stewart, autora da crónica, reconhece que é difícil dizer qual é a fórmula eficaz da música de Natal porque tem mais regras, mais público para agradar e lembra o caso da música de Tom Petty and the Heartbreaker que embora tenha sido lançada em 1992 só teve sucesso muito mais tarde. Para isso a escritora deixa algumas regras com a ressalva de que se podem “contradizer umas às outras” e que por isso “é surpreendente que ainda se escrevam músicas de Natal”:

  • Não ignore a parte religiosa da época
  • Evite mencionar especificamente o Menino Jesus
  • Tenha ritmo animado
  • Se o tema da música for triste que seja apenas porque aqueles que o rodeiam se esqueceram do verdadeiro significado do Natal
  • Dê detalhes pessoais, o público gosta
  • Não deixe de fora símbolos como a chaminé ou o boneco de neve