De um grupo de amigos que pratica humor, até ser uma empresa de conteúdos, passaram-se apenas dois anos na vida do coletivo brasileiro Porta dos Fundos, cujo sucesso em Portugal quase se iguala ao do Brasil. Quatro dos fundadores do projeto estão por estes dias em Lisboa para o lançamento da versão televisiva de Porta dos Fundos – estreia-se a 17 de fevereiro, Dia de Carnaval, no canal por cabo Fox Portugal – e desdobram-se em entrevistas para explicar o sucesso que têm tido.
O grupo brasileiro teve início em 2012, com a apresentação de pequenos vídeos de humor num canal no Youtube, que tem somado milhões de visualizações. São mais de trezentos “sketches” que foram reagrupados em episódios televisivos, num acordo feito com a Fox Brasil e, agora, com a Fox Portugal.
Em entrevista à agência Lusa, Ian SBF e António Pedro Tabet, fundadores de Porta dos Fundos, disseram ter expectativas elevadas, uma vez que o canal do Youtube conta com cerca de 30 milhões de visualizações portuguesas e o grupo já fez um festival em Lisboa. É uma relação de amor. “Estamos completamente apaixonados. A gente está-se pegando loucamente”, disse António Pedro Tabet, referindo que o alcance de Porta dos Fundos em Portugal é “percentualmente muito parecido com o alcance do Brasil, mas Portugal é um país menor, em proporções continentais”.
“‘A gente’ fica muito ‘lisonjeado’ de estar na Europa e ter esse retorno aqui. É incrível”, disse. Segundo Ian SBF, além da série, que começa a ser exibida no dia 17, em Portugal, o grupo brasileiro estreará ainda este ano uma nova série com episódios inéditos e outra de animação. “Quando a gente começou, queria ter um programa de ‘sketches’. É isso que estamos fazendo agora”, disse Ian SBF. Mas, no essencial, a ideia é “transformar a ‘Porta dos Fundos’ numa produtora de conteúdos”.
O grupo planeia ainda fazer um filme, mas o meio primordial continuará a ser a Internet. “A televisão é só mais uma área de atuação. O nosso conteúdo não muda. O nosso critério é o que a gente acha engraçado. A televisão não mudou a nossa maneira de pensar. Talvez tenha mudado a maneira de pensar a tv”, disseram.
No ano passado, o coletivo fez um festival Porta dos Fundos em Lisboa, mas não sabe se repetirá a experiência. “Se a gente vier de novo, não é para um festival de conversa ou de aproximação. A ideia é filmar, fazer ‘sketches’ aqui, uma peça de improviso, ou gravar ‘sketches’ temáticos. Falar sobre o Descobrimento do Brasil, aproximar de outra maneira que não só fisica, mas também conceptual, que toda essa relação Brasil-Portugal representa”, explicou Tabet.
Atualmente, Porta dos Fundos é já uma empresa de produção de conteúdos de humor, na qual trabalham cerca de 50 pessoas: “O que comanda a empresa ainda é o criativo, o que é engraçado e que a gente gosta de fazer. A empresa está crescendo, mas em volta desses princípios básicos”, afirmou Ian SBF. António Pedro Tabet é claro: “Não fazemos humor para polemizar. A gente faz humor para ser engraçado. Se, para ser engraçado, tem que ser polémico, a gente vai fazer. A nossa vocação é fazer humor”.