Uma equipa de investigadores da Universidade de Leeds (Inglaterra) está a utilizar nanopartículas de ouro para identificar e destruir células cancerígenas. O modelo aproveita as propriedades condutoras do metal precioso e já provou funcionar em cobaias.
Os nanotubos são tão pequenos que têm a capacidade de atravessar a membrana celular. Essa particularidade permite transportar para o interior da célula, por exemplo, fármacos, mas o ouro tem outro atributo especial: é um extraordinário condutor de energia e é essa propriedade que é utilizada de forma inovadora nesta técnica.
Os cientistas utilizam a luz laser para estimular as nanopartículas. O professor Steven Evans do departamento de Física e Astronomia da Universidade de Leeds explica que “os tecidos humanos são transparentes a algumas frequências de luz no espetro do vermelho e infravermelho.” Ou seja, diferentes comprimentos de onda de luz alteram o comportamento do metal, o que faz com que seja possível utilizar os nanotubos para identificar células cancerígenas mas também destrui-las — bastando para isso sobreaquecer o ouro, o que origina o rebentamento da célula.
O metal nobre apresenta ainda outra vantagem importante: é relativamente inócuo para o nosso organismo e a excreção natural parece não representar um problema, o que é determinante no processo de recuperação dos doentes, comparativamente com os métodos atuais (quimio e radioterapia, por exemplo).
Os ensaios têm sido bem sucedidos em ratos mas apenas um tipo de célula cancerígena (humana) foi testada. Os bons resultados nos pequenos mamíferos são promissores, mas os cientistas advertem que ainda vai demorar algum tempo até ser possível aplicar esta tecnologia em seres humanos.
A nanotecnologia é a ciência que explora a utilização de materiais microscópicos feitos em laboratório. A dimensão ínfima destas estruturas mede-se em nanómetros (nm), ou seja, a milionésima parte do milímetro, uma dimensão tão reduzida que permite uma utilização ao nível celular. Os nanotubos de carbono (grafeno) estão entre os mais bem estudados e têm múltiplas aplicações, em áreas tais como a medicina, informática, energias renováveis e vestuário.