O antigo presidente do CDS-PP e da Nova Democracia Manuel Monteiro revelou hoje que se tornou um abstencionista e considerou que a elite portuguesa perdeu a honra e a vergonha. Convidado a participar na conferência “Mudar a Bem – Encontro de Emergência Nacional”, promovida pela tendência interna do CDS-PP Alternativa e Responsabilidade, Manuel Monteiro ressalvou que não tenciona “ser candidato a coisa nenhuma” nem regressar ao partido liderado por Paulo Portas, e admitiu que o projeto da Nova Democracia “não teve sucesso”.

No início da sua intervenção, Manuel Monteiro disse que não vota há dois atos eleitorais e que também não sabe se vai votar no próximo: “Tornei-me um abstencionista. Eventualmente, isso pode parecer mal, mas como penso não dever rigorosamente nada a ninguém, digo aquilo que penso”. O antigo dirigente e deputado centrista defendeu que o sistema político português precisa de ruturas e questionou se será regenerável, considerando que “há uma crise de valores” em Portugal. “Deixou de haver honra e deixou de haver vergonha na parte da elite portuguesa, tanto é política como é económica como é financeira”, afirmou.

No seu entender, “este é o problema fulcral, que começa na escola, que passa pelas famílias” e “atravessa de um modo geral e transversal toda a sociedade portuguesa”. Manuel Monteiro propôs que uma das mudanças ao atual sistema seja fazer depender o número de deputados do número de eleitores recenseados voluntariamente antes de cada eleição: “Os partidos teriam forçosamente de mudar, porque tinham de andar de porta em porta a convencer as pessoas a inscreverem-se no recenseamento. São estas ruturas de que eu falo, não é pegarmos em armas e andarmos aos tiros”.

Por outro lado, o antigo presidente do CDS-PP manifestou ter agora “grandes dúvidas quanto ao financiamento privado dos partidos” e inclinar-se para “o financiamento exclusivamente público”.

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