A morte do cineasta Manoel de Oliveira mereceu a reação dos meios de comunicação social estrangeiros.
Em França
No Libération, o desaparecimento de Oliveira foi destacado e o jornal recorda o que escreveu o cineasta em 2002:
1913. Primeira memória do cinema, uma linha de caminhos de ferro dentro da floresta, passavam algumas serpentes. Recordo-me também de um filme de animação com bonecos, com ursos. De seguida, há um comediante, Toribio, que em França foi chamado de “Boireau”, um burlesco da casa Pathé. Eu também adorava Max Linder, um cavalheiro, um boémio. Para mim, Linder é o criador das histórias aos quadradinhos. Mas eu estava enamorado por Mary Pickford, uma verdadeira paixão.
Já o Le Monde faz manchete na edição online com o desaparecimento do cineasta. “Com a morte de Manoel de Oliveira, o cinema perde o seu decano”, escreve o jornal francês dizendo-se ainda atónito com a notícia. O jornal destaca dois motivos que justificam a marca inconfundível de Oliveira: a longevidade de um homem “cujo espírito de batalha fez faísca” e o “excecional destino deste homem que transformou uma carreira que se confunde com a própria história do cinema”. E ao longo de 1680 palavras, o Le Monde enaltece a coleção de filmes que nasceram das mãos de Manoel de Oliveira, o modo como o cineasta metamorfoseava os seus estilos e a filosofia com que se debruçava sobre a condição humana.
Ainda em França, o jornal L’Express apresenta três trailers do universo de produções que o artista português deixa, sob o título “A lição de cinema de Manoel de Oliveira”. O primeiro é “Singularidades de uma Rapariga Loura”, lançado em 2009, uma adaptação de uma história do português Eça de Queirós. O jornal recorda ainda o filme de 2010 “O Estranho Caso de Angélica”, que se desenrola durante os anos cinquenta e, por último, “O Gebo e a sombra”, que estreou em 2012 e que conta uma história do século XIX sobre um patriarca pobre e honrado que se sacrifica para proteger o filho fugitivo.
Em Itália
Em terras italianas, a morte de Manoel de Oliveira também foi notícia. O jornal Republica apresenta extensamente a biografia e obra do cineasta nascido no Porto. O jornal recorda as palavras de Oliveira quando este disse que “o cinema era imaterial” porque “a imaginação não é palpável: apenas é alcançável o material com que ela se manifesta”.
Quando digo que o cinema é também teatro, quero dizer que o teatro é a representação da vida, assim como também o é o cinema. E neste sentido é sempre teatro, porque reproduz a essência da vida: a convenção. Se tirar o meu chapéu para saudar, isto é uma convenção, uma cortesia. Sem essa convenção, esse gesto não significa nada. A convenção representa a vida com cinema e com teatro.
O Corriere della Sera destaca a morte de Manoel de Oliveira escrevendo que o cineasta “disse a poesia e a cor de Portugal”, considerando que o português se deixou inspirar pela cultura lusitana.
Outros
O International Business Times lista sete filmes a que se deve assistir em homenagem a Manoel de Oliveira, “o realizador cinematográfico mais velho do mundo”. E apresenta os trailers de “A Divina Comédia”, “O Pintor e a Cidade”, “Vale Abraão”, “Aniki-Bóbó”, “Benilde ou a Virgem Mãe, “O Passado e o Presente” e “O Quinto Império”.
O desaparecimento de Manoel de Oliveira foi ainda noticiado pelo The Guardian, pelo Channel NewsAsia (que destacou o facto de o português ter sido o último diretor a trabalhar em filmes mudos) ou pelo Zeit Online, entre outros.