Do Principado chegou-lhe o vento dos milhões de euros, de uma oportunidade para pegar numa equipa com estrelas e contar com a carteira de Dmiti Ribolovlev, dono do AS Monaco, para ir à caça de outros nomes. Nada disso aconteceu: a fortuna do magnata russo abanou, o fair-play financeiro da UEFA bateu à porta e, de repente, os monegascos tiveram que apertar o cinto para não mais o aliviar. E Leonardo Jardim ficava com uma equipa das boas, sim, mas não aquela que, quando foi contratado, ainda tinha James Rodríguez e Falcao.
Demorou a habituar-se a isso, com umas quantas derrotas (quatro até ao final de setembro), outros tantos empates (cinco até ao fim de outubro) e uma escalada trapalhona no campeonato francês. Na Liga dos Campeões viam-no como o patinho feio de um grupo que acabou a liderar, com apenas uma derrota e um golo sofrido — até aí, a melhor defesa da competição. Depois livrou-se do Arsenal, nos ‘oitavos’, com um brilharete em Londres (vitória por 3-1) e um q.b. de sofrimento no Monaco (derrota por 2-0).
Assim chegou aos quartos-de-final “por mérito próprio”, como sublinhou Leonardo Jardim, consciente de que “a equipa ganhou respeito por chegar até aqui”. E agora é altura para um duelo entre o clube foi, mas já não é milionário, e a Velha Senhora que já foi grande na Europa e está a tentar voltar a sê-lo. Para já a Juventus faz por isso e vai fazendo bem melhor do que conseguira fazer nas últimas três épocas (duas presenças nos ‘oitavos’ da Liga dos Campeões e uma queda na fase de grupos, na temporada passada).
A luta começará em Turim, onde talvez Bernardo Silva não seja titular. Há uns meses não seria um talvez, mas uma quase certeza, pois Jardim só deixava o pequeno craque, de 20 anos, que AS Monaco pediu emprestado no verão e comprou no Natal (15,6 milhões de euros) ao Benfica, aparecer de início em jogos do campeonato. Mas Bernardo tem insistido em dar nas vistas — vai com cinco golos marcados em 2015, dois deles apareceram no último encontro, e conta 15 jogos a titular nos 21 em que participou desde janeiro. Até chegou para se estrear pela seleção nacional, frente a Cabo Verde.
É nele e em Yannick Ferreira-Carrasco, Anthony Martial, João Moutinho, Jérémy Toulalan e Ricardo Carvalho que Leonardo Jardim contra para bater o pé à Juventus, à equipa tricampeã italiana que verá no AS Monaco uma oportunidade para voltar a chegar às meias-finais da Liga dos Campeões. Porque já lá vai o tempo em que o conseguiu — a última vez foi em 1998/1999.