O provedor da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa disse esta sexta-feira que está a ser estudada uma proposta para atualização dos salários na instituição e mostrou-se “contente” com a adesão de 12,76% dos trabalhadores à greve.
“Eu acho que é extraordinário que, em ano eleitoral, quando as pessoas já não são aumentadas há seis anos e não progridem na carreira há oito, com vidas apertadas só haver pouco mais de 12 por cento de adesão à greve. Eu fico contente”, afirmou Pedro Santana Lopes.
O procedor falava à agência Lusa numa reação à greve dos trabalhadores de vários setores da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) e que se manifestaram hoje em frente à sede da instituição, em Lisboa, para exigir atualização de salários e melhores condições de trabalho.
De acordo com a instituição, registou-se uma adesão de 12,76% do universo total dos cerca de cinco mil funcionários e o provedor referiu que o número de adesão é “uma prova de confiança dos trabalhadores”.
“Há muita gente que tem remunerações baixas e são essas pessoas que quero aumentar e neste momento estou a trabalhar numa solução desse tipo”, afirmou Santana Lopes,
O provedor adiantou que há um mês apresentou uma proposta para atualização dos salários, com o objetivo de aumentar as pessoas que têm remunerações mais baixas e não dar aumentos aos que recebem mais.
Santana Lopes explicou ainda que há trabalhadores que estão vinculados com contrato individual de trabalho e outros que são da função pública, os quais estão impedidos de ser aumentados por decisão do Governo.
“Como é que vamos aumentar uns e dizer aos outros que não aumentamos porque são da função pública, quando faz tudo parte da mesma equipa? Os da função pública, não posso aumentar. Está vedado pelo Estado”, sustentou.
O provedor explicou que há um ano foi dada a opção a todos os trabalhadores de passarem da função pública para contrato individual de trabalho e muitos não quiseram.
“Compreendo as pessoas que fazem greve porque querem ser aumentadas, mas não podem é dizer que é por causa das 35 horas, isso não podem, porque quiseram ficar na função pública e não podem ter as 35 horas de quem está a contrato de trabalho”, referiu.
O Sindicato dos Trabalhadores em Funções Públicas e Sociais (STFPS) do Sul e Regiões Autónomas tem vindo a alertar também para a “ameaça de despedimento” de 300 trabalhadores de equipamentos geridos pela Santa Casa.
Sobre este assunto, Pedro Santana Lopes assegurou que “há zero de intenção de despedimentos”.
À Lusa, o vogal da Santa Casa de Lisboa, Ricardo Neves, esclareceu que há equipamentos que passaram do Instituto da Segurança Social para a posse da instituição e que nove deles estão ainda com o futuro incerto.
“Não vai haver despedimentos nenhuns. O que se passa é que o Governo ficou de tomar uma decisão sobre a gestão desses equipamentos até setembro de 2015, portanto, a única coisa que está em causa é se esses trabalhadores, que são 120 e não 300, vão continuar numa instituição do Estado ou da Santa Casa”, explicou.