“O mundo está a mudar e nós mudamos com ele. A música de que falo, também.”

Foi com estas palavras que Risto Nieminen, diretor do serviço de música da Fundação Calouste Gulbenkian, abriu a sessão de apresentação da temporada 2015/2016, que decorreu esta quinta-feira, em Lisboa. Apesar das acusações de que as orquestras são “dinossauros”, Nieminem garantiu que a música clássica não está em crise — permanece inovadora e cosmopolita.

É exatamente isso que a programação da nova temporada da Fundação Gulbenkian pretende transmitir. Para a época 2015/2016, estão programados mais de 30 concertos de orquestra, 12 de piano, um ciclo de música antiga e um de música de câmara. Mas não só.

Uma das novidades desta temporada é a estreia de “Rua dos Douradores”, uma obra inédita do brasileiro Aylton Escobar, baseada no Livro do Desassossego, de Bernardo Soares, um semi-heterónimo de Fernando Pessoa. A peça, criada a propósito da colaboração firmada com a Orquestra Sinfónica do Estado de São Paulo (OSESP), será apresentada no Brasil e, depois, em Lisboa. À “Rua dos Douradores”, seguir-se-á a estreia de uma obra de Luís Tinoco, baseada na obra poética do poeta brasileiro Manoel de Barros.

As estreias da época 2015/2016 incluem ainda seis peças inéditas de José Júlio Lopes, Victor Gama e Vasco Mendonça, encomendadas pela Fundação. Entre os protagonistas contam-se os pianistas Nelson Freire, Grigory Sokolov, a jovem revelação britânica Benjamin Grosvenor e as vozes de Patricia Petibon, Joyce Di Donato e Waltraud Maier.

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A Orquestra Gulbenkian vai também voltar à rua. A lista de concertos “fora de portas” inclui duas atuações em Lisboa — uma na Praça do Município, a 20 de setembro, e outra nas ruínas do Convento do Carmos, a propósito do Festival Cantabille. Em maio do próximo ano, será ainda realizada uma digressão pelo país, indo ao “encontro de novos públicos”, como referiu Nieminem.

A orquestra e o coro, “a coluna vertebral” da Fundação, irão continuar com os já habituais concertos de quinta e sexta-feira. A programação, variada, inclui peças como a “Paixão segundo S. João”, de Johann Sebastian Bach, “L’enfance du Christ”, de Hector Berlioz, e obras dos contemporâneos Pierre Boulez a Henri Dutilleux.

Uma das novidades é o concerto de São Valentim, a 14 de fevereiro, que decorrerá no âmbito dos “concertos de domingo”. O espetáculo foi concebido especialmente para as famílias e terá entradas a preços reduzidos. Outra estreia é a de Rodrigo Leão, que colaborará com a orquestra na gravação do novo álbum, que será depois apresentado nos coliseus de Lisboa e do Porto.

O Festival Músicas do Mundo regressa também para mais uma edição. Entre os artistas convidados estará Sílvia Pérez Cruz, que atuará a 11 de novembro no Grande Auditório da Fundação Calouste Gulbenkian. Em destaque está ainda a estreia portuguesa da ópera “Prima Donna”, de Rufus Wainright, num “concerto visual sinfónico, com projeção de um filme de Francesco Vezzoli”, e o regresso dos concertos participativos com “Messias”, de George Frideric Handel.