O sucateiro Manuel Godinho, que foi condenado a 17 anos e meio de prisão no caso Face Oculta, começa a ser julgado hoje, no Tribunal de Aveiro, por subornar um engenheiro da Rede Ferroviária Nacional (Refer), coarguido no mesmo processo.

Manuel Godinho está pronunciado por um crime de corrupção ativa, enquanto o engenheiro, que entretanto foi despedido com justa causa da Refer, responde por um crime de corrupção passiva, sete crimes de falsificação de documento agravado e um de fraude fiscal.

O inquérito, que resultou de uma certidão extraída do processo Face Oculta, chegou a ser arquivado pelo Ministério Público (MP), na parte que diz respeito ao empresário das sucatas.

A Refer, contudo, requereu a abertura de instrução e o juiz de instrução decidiu levar Manuel Godinho a julgamento.

Segundo o despacho de pronúncia, a Refer terá pago 115 mil euros a uma empresa do sucateiro, em 2001, por trabalhos que não foram realizados ou que já tinham sido pagos anteriormente.

Para levar a empresa que gere a rede ferroviária nacional a pagar este montante, Manuel Godinho terá contado com a ajuda de um antigo engenheiro da Refer que, de acordo com a investigação, recebeu 128 mil euros, como contrapartida.

Em setembro do ano passado, Manuel Godinho foi condenado no âmbito do processo Face Oculta a 17 anos e meio de prisão, por 49 crimes de associação criminosa, corrupção, tráfico de influência, furto qualificado, burla, falsificação e perturbação de arrematação pública.

A defesa do empresário de Ovar recorreu do acórdão para o Tribunal da Relação do Porto, não havendo ainda qualquer decisão.

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