“Se algo pode correr mal, vai correr (mesmo) mal”. Esta é a principal Lei de Murphy, sob a qual se albergam vários acontecimentos comuns do nosso dia, os tais que nos correm sempre mal. Edward A. Murphy, engenheiro aeroespacial norte-americano, disse-a no final de um teste que estava a comandar, sobre a tolerância dos seres humanos à gravidade. O teste falhou exatamente quando ele o iniciou, mas a culpa foi dele próprio: instalou mal os sensores.
Mas o azar está mesmo programado para nos atormentar? É uma questão psicológica ou matemática? Esqueça a ideia de que é um azarado. A verdade é que na maioria dos casos há mesmo uma explicação científica.
Se algo pode correr mal, vai correr mal
É uma questão de probabilidades: quanto mais tempo se trabalhar numa determinada tarefa, maior a probabilidade de sermos confrontados com contratempos. No site Ask a Mathematician, o cientista responde que “nada dura para sempre, por isso há de haver uma altura em que todas as peças de uma máquina deixarão de funcionar”: é o que diz a lógica.
A tosta vai sempre cair com o lado da manteiga no chão
A Scientific American explica por que somos atormentados com este azar. Tudo depende da altura da mesa, que determina quantas vezes é que a tosta pode dar a volta antes de chegar ao chão. Como as mesas são baixas, a tosta não tem tempo de dar uma volta completa. Por isso, como a parte barrada estava virada para cima, ela só dá meia volta e cai exatamente com a manteiga a espalhar-se pelo chão.
A informação mais importante do mapa está sempre nas pontas
Eis que o telemóvel fica sem bateria e não há outra hipótese senão pegar no mapa de papel mais próximo. E mesmo assim o azar não desgruda e parece que a informação de que precisamos está exatamente na ponta do mapa, ilegível. Matematicamente falando, não é apenas pessimismo: é muito provável que assim seja.
Ao abrir o livro “Why Do Buses Come in Threes” de Rob Eastaway entendemos porquê. Imaginemos um mapa com 20 centímetros de comprimento e 10 de altura. Se a borda tiver um centímetro de largura, ela preenche logo 28% da área total. Dois centímetros chegam para cobrir quase metade. Agora imagine a quantidade de coisas que podíamos saber, mas estão escondidas atrás destas molduras.
Entram duas meias na máquina. Uma desaparece para todo o sempre
De volta à Scientific American, encontramos a explicação para esta questão. Vamos regressar às aulas de matemática sobre probabilidades. Se perdermos apenas uma meia, a outra ficará sem par. Ora, a que sobreviveu ao terror das máquinas de lavar não vai ser calçada, por isso só voltam a entrar nas máquinas pares de meias. Desses pares, uma das meias vai perder-se e entra-se num círculo vicioso dando-nos a sensação que há sempre alguma a desaparecer.
A outra fila é sempre mais rápida
Há dois motivos para a outra fila ser sempre a mais rápida. A primeira: a fila mais lenta é por norma a que tem mais gente e, sendo assim, há maior probabilidade de estarmos precisamente nessa. Depois, o segundo motivo: se existirem quatro filas e formos obrigados a escolher uma, há 75% de probabilidades de que haja pelo menos uma que seja mais rápida que a nossa.
Levamos chapéu de chuva, mas nunca chove. Deixamo-lo em casa e há uma tempestade
Não há realmente uma relação entre os dois eventos, isto é, não é o facto de termos ou não um chapéu que vai determinar os fenómenos meteorológicos.
Robert Mathews explicou estes acontecimentos em 1997.
Segundo ele, se o clima na nossa região é de baixa precipitação, portanto mesmo que os meteorologistas digam que existe possibilidade de chover é pouco provável que aconteça. Outra razão: o dia tem 24 horas e nunca há certeza da altura em que vai chover, por isso a probabilidade de chover enquanto estamos na rua é tão mais pequeno, quanto menos tempo passarmos fora de casa.
Mesmo que prove uma mentira, vai sempre haver quem acredite nela
Saímos do campo da matemática para entrar na área da psicologia. Desta vez, a Psychology Today explica que os rumores estão sempre relacionados com emoções e ansiedades. É que há mentiras tão apetecíveis, capazes de tornar a realidade tão mais interessante, que tendemos a alimentar a crença de que são verdade.
Este fenómeno também depende da quantidade de vezes que a mentira nos chega aos ouvidos: quanto mais vezes nos deparamos com ela, mais verosímil nos vai parecer. Sendo assim, a tendência é a que nós próprios também a espalhemos e eternizemos.
As coisas perdidas estão sempre no último lugar onde as procurámos
Todos temos essa sensação, mas olhe para a afirmação que a exprime. Se pensar bem é uma coisa muito óbvia: ninguém vai continuar a procurar as coisas se elas já foram encontradas! Por isso, estão sempre no último lugar onde as procuramos.