Até agora sabíamos que o Hallucigenia tinha um corpo alongado, vários pares de patas e duas linhas de espinhos nas costas. Mas esta semana, dois cientistas da Burgess Shale of Canada conseguiram descobrir que o animal tinha também uma cabeça comprida, olhos simples e uma boca e intestino dianteiro – existente entre a boca e o duodeno – repletos de lâminas e dentes numa estrutura circular.

De acordo com a Nature, Hallucigenia – que existiu há 541/485 milhões de anos – é um dos membros mais ancestrais dos artrópodes, onde se incluem os insetos, os aracnídeos e os crustáceos. É por isso que esta reconstrução da cabeça do animal vai poder auxiliar no estudo da evolução destes seres vivos.

Segundo Martin Smith e Jean-Bernard Caron, os autores desta investigação, os fósseis encontrados pertencem à espécie Hallucigenia sparsa.

As características encontradas através dos restos destes seres vivos também existem noutros grupos. Por exemplo, alguns dos aspetos são comuns à nematoda e à kinorhyncha, que são filos – isto é, subgrupos – de vermes.

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Estas semelhanças, estudadas através de análises químicas, permitiu aos cientistas agrupar todos estes seres – artrópodes e nematodas, por exemplo – num grupo maior chamado Ecdysozoa. Morfologicamente, este agrupamento ainda não tem fundamentos, mas as descobertas referentes ao Hallucigenia sparsa vão permitir uma organização mais precisa dos grupos incluídos no Ecdysozoa.

Ora, este grande grupo está dividido em dois grupos principais: radiodontia e lobopodia. É neste último que se inclui o Hallucigenia, que foi considerada uma das criaturas mais bizarras do Câmbrico. Este período é o último da era Paleozóica.

Os fósseis de Hallucigenia conseguiram mostrar “características morfológicas muito importantes para entender a origem e evolução dos animais incluídos em grupos maiores na história da biologia na Terra”.

THUMBNAIL