O presidente do Conselho-geral de Supervisão da EDP, Eduardo Catroga, defendeu esta sexta-feira a “parceria estratégica” com a China Three Gorges (CTG) como “um caso de sucesso para as duas empresas e para a economia portuguesa”.

“Não há nenhum investidor chinês significativo que pense investir em Portugal que não olhe para o exemplo da EDP. O balanço é extraordinariamente positivo”, disse Eduardo Catroga à agência Lusa em Pequim. Segundo realçou, “pela sua dimensão e impacto”, os 2.700 milhões de euros que a CTG pagou por uma participação de 21,3% no capital da EDP tornaram-se “uma bandeira do investimento chinês em Portugal e na Europa”.

Antigo ministro das Finanças, formado em economia, o presidente do Conselho-geral de Supervisão da EDP desloca-se anualmente à China, para reuniões com a direção da CTG, que é hoje o maior acionista da elétrica portuguesa. Em declarações à Lusa, Eduardo Catroga considerou que, “atendendo aos excedentes financeiros” da China, o atual processo de internacionalização da economia chinesa era inevitável.

“Portugal não podia perder esse comboio e, felizmente, não perdeu. Há meia dúzia de anos, o investimento chinês em Portugal era praticamente zero. Hoje disputamos com a Itália o quarto lugar da lista dos principais destinos do investimento chinês na Europa”, afirmou.

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Segunda economia mundial, a China dispõe das maiores reservas cambiais do planeta, no valor de 3,8 biliões (3.800.000.000.000) de dólares. A entrada da China Three Gorges no capital da EDP, acordada em dezembro de 2011, ocorreu numa altura em que “ninguém queria financiar a economia portuguesa”, realçou o antigo ministro das Finanças. “Portugal não tinha acesso normal aos mercados financeiros internacionais”, acrescentou

Entretanto, outras empresas da China compraram importantes participações em empresas portuguesas, nas áreas dos seguros, banca, energia e saúde, estimando-se em mais de 10.000 milhões de euros o montante do investimento chinês em Portugal.

“A diversificação das relações de investimento é bom para a economia portuguesa”, comentou Eduardo Catroga ao referir que “os grupos portugueses não têm musculatura económica e financeira para adquirirem posições significativas no capital das grandes empresas”.

No caso da EDP, exemplificou, “o único grande acionista português, que detém pouco mais de 2%, é o Fundo de Pensões do BCP (Banco Comercial Português) “.

As duas empresas planeiam construir uma barragem no Peru e apostar nas energias eólicas

A EDP e a China Three Gorges estão a negociar com o governo do Peru a construção de uma barragem naquele país, no primeiro projeto conjunto fora dos mercados tradicionais das duas empresas.

“É uma barragem de média dimensão e o contrato de concessão deverá ser assinado ainda este ano”, disse esta sexta-feira à agência Lusa em Pequim o presidente do Conselho-geral de Supervisão da EDP, Eduardo Catroga.

Será também a primeira empreitada de uma empresa constituída em partes iguais pela EDP e a CTG para “desenvolver projetos fora das geografias onde as companhias não tem investimentos”.

Além do Brasil, onde as duas empresas já são parceiros em três barragens, uma das quais associadas a uma firma brasileira, a EDP e a CTG estão a olhar para outros países da região.

“A prioridade tem sido a América Latina”, indicou Eduardo Catroga.

Desde que a CTG pagou, em 2012, 2.700 milhões de euros pela participação de 21,35% no capital da EDP – um dos maiores investimentos chineses na Europa – além dos investimentos conjuntos no Brasil, a CTG adquiriu posições minoritárias em ativos eólicos da EDP, num valor de cerca de 2.000 milhões de euros, e as duas empresas criaram um centro tecnológico com um ramo em Portugal e outro na China, referiu Eduardo Catroga.

No âmbito da “parceria estratégica” entre as duas empresas, “a EDP está também a prestar serviços a CTG na área das energias eólicas”.