A Associação Nacional de Professores de Português (Anproport) está a denunciar a existência de falhas na correção do exame de Português do 12º ano, alegando que nem todos os professores tiveram acesso às mesmas informações sobre os critérios a aplicar em cada questão. Num parecer agora divulgado esta quarta-feira pelo jornal Público, a Anpoport garante ter recebido queixas de professores que, deparando-se com dúvidas durante o processo de classificação das provas, não obtiveram resposta por parte do Instituto de Avaliação Educativa (Iave), responsável pelos exames e pela bolsa de supervisores. A falta de resposta terá levado à aplicação de critérios diferentes, subjetivos, às mesmas perguntas, dizem.

“Dirão que somos acompanhados por supervisores. É uma falácia. A maior parte não avançou muito mais do que aquilo que foi divulgado oficialmente [pelo Iave], que é pouco”, escreve a associação de professores, acrescentando que o problema de comunicação durante o processo de aferição dos critérios de classificação fez com que se criasse uma situação de “desrespeito pelo trabalho dos classificadores e dos alunos” e de falta de garantias de “equidade” e tratamento igual entre alunos.

Um exemplo: Nas perguntas de interpretação de excertos do Memorial do Convento ou do poema de Sophia de Mello Breyner, houve professores que consideraram que se os alunos respondessem apenas com citações deveriam ter zero pontos, enquanto outros pontuaram de alguma maneira. Outro caso relatado pela mesma associação de professores diz respeito à composição, onde era pedido aos alunos para escreverem sobre o facto de “estarmos permanentemente sujeitos a estímulos sensoriais (visuais, auditivos, olfativos), por exemplo através de campanhas publicitárias. Vários alunos acharam que o tema era apenas a questão da publicidade e, na hora da correção, houve quem tivesse perguntado sobre o que deveria fazer caso o aluno se tivesse cingido àquele tema. Segundo a Anpoport, alguns professores obtiveram a resposta por telefone, tendo-lhes sido pedido para não penalizarem muito os alunos por isso. Mas os professores questionam-se, será que essa indicação chegou a todos os classificadores?

O Instituto de Avaliação Educativa, ao mesmo jornal, responde que, se houve falhas na classificação das provas, tais falhas não terão acontecido com os professores debaixo da sua alçada. Esses, garante a assessora do Instituto, “recebem atempadamente as informações sobre as alterações introduzidas”. Por isso, o Iave passa a batata quente para os professores que são indicados pelo Júri Nacional de Exames, ligado ao Ministério da Educação.

Mas o Ministério lava daí as suas mãos, dizendo que não recebeu qualquer reclamação do Júri e lembra que o Iave é quem tem a “responsabilidade” sobre o processo de comunicação de instruções aos classificadores. “O Ministério não distingue classificadores, que são indicados pelas escolas. Todos recebem as mesmas orientações”, acrescenta.

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