“É uma pausa. Não é um adeus”, garante Assunção Esteves, presidente da Assembleia da República, ao Observador, justificando a decisão de não integrar as listas de candidatos a deputados, como seria natural. A social-democrata não quer que “haja tabus” em torno da sua ausência. A razão tem a ver com necessidade de descanso depois de quatro anos muito intensos e, segundo revela, a decisão já foi tomada há vários meses e comunicada ao presidente do partido, que “percebeu muito bem”.
“Preciso de uma pausa. Foram anos muito duros. Foi um apelo do corpo. (…) Não tenho vaidade, não vou sacrificar a minha resistência à vaidade”, explicou, recordando que passou por muito “stress” e que se “sofre muito” na política. A social-democrata foi a primeira mulher presidente do Parlamento e será a primeira presidente a não se candidatar à reeleição. “Às vezes, as pessoas pensam que a falta de resistência física é desculpa, mas não é”.
Assunção Esteves diz que “é política por natureza” e vai continuar a sê-lo. “Farei política até ao último dia da minha vida”, acrescenta, garantindo que vai fazer campanha para que a coligação PSD/CDS ganhe as eleições.
O mandato de Assunção Esteves foi controverso. Começou de forma surpreendente, pois o candidato do PSD a presidente do Parlamento era Fernando Nobre, que falhou a eleição pois os deputados sociais-democratas dividiram-se e não o apoiaram. Esteves foi, assim, uma segunda escolha. E durante os quatro anos e meio foi alvo de várias críticas dos deputados da maioria, tanto pelo estilo como pela forma como conduzia os trabalhos parlamentares. “A relação com o partido é ótima”, responde Assunção Esteves ao Observador.
Há quatro anos, Assunção Esteves foi candidata por Lisboa. Foi a terceira vez que assumiu o mandato de deputada. Das outras vezes, interrompeu a meio, primeiro, para assumir o cargo de juíza do Tribunal Constitucional e a segunda para ir para eurodeputada. “Custa-me interromper mandatos a meio”, recorda, acrescentando que não queria voltar a fazê-lo se fosse reeleita.