O secretário de Estado adjunto do ministro da Saúde, Fernando Leal da Costa, disse ao Diário Económico que o Executivo vai publicar um regulamento de portaria para reduzir o tempo de formação dos médicos “de forma significativa”. O objetivo é que Portugal acompanhe o resto dos países europeus.

A formação dos médicos em Portugal é demasiado longa“, disse, referindo que o país não pode continuar com tempos de formação entre 10 e 12 anos.”A formação noutros países para a obtenção de grau de especialista é inferior a Portugal por não terem o chamado internato geral ou ano comum, que deixará de existir a partir de 2017/2018“, acrescentou.

Leal da Costa adiantou que gostaria de ter condições para formar mais médicos, mas que é preciso reconhecer que há uma “capacidade finita” de formação dentro dos hospitais e que, “desde que tenham a qualidade internacionalmente reconhecida”, podem aparecer faculdades de medicina no ensino superior privado.

Sobre a exclusividade dos médicos, o secretário de Estado disse que “será muito difícil o Estado pagar salários suficientemente atrativos” para que um significativo grupo de pessoas queira trabalhar exclusivamente no setor público.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

Leal da Costa disse também que “se a indústria farmacêutica não ganhar juízo, está a caminhar para matar o próprio doente” e reconheceu que este foi o ‘lobby’ mais difícil que teve de enfrentar.

“Era à indústria a quem devíamos muito dinheiro – hoje devemos menos – e que nos colocou sob ameaça de cortar fornecimentos. Mais ninguém fez isso. Tivemos greves, mas nenhum sector profissional ameaçou deixar de trabalhar a bem dos doentes”, referiu.

Quanto às medida apresentadas no programa do PS, o secretário de Estado afirmou que é um programa “feito para piscar o olho à esquerda”, mas que também “não descola do centro-direita“. Leal da Costa avança que o programa é “em grande parte sensato” e que vai “no caminho de uma saúde social-democrata”.

“Mostra que está aqui claramente a base para um potencial entendimento de regime nos próximos anos para aquilo que deve ser a saúde em Portugal”, referiu.