Um redondo não. António Fidalgo, reitor da Universidade da Beira Interior (UBI), recusou assinar o memorando para a constituição de um centro de investigação de excelência, como estava previsto, por considerar que o documento é discriminatório relativamente ao das outras duas universidades – Trás-os-Montes e Alto Douro e Évora -, ao não incluir, no seu caso, a cláusula respeitante ao financiamento no valor anual de 1,5 milhões de euros.
A UBI deveria avançar com o centro de competência de computação na nuvem (cloud computing) e saúde, projeto que o reitor espera que ainda venha a ser desenvolvido, apesar da tomada de posição assumida esta sexta-feira.
Em causa, está um braço de ferro entre a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região Centro (CCDRC) e a UBI. De acordo com Ana Abrunhosa, presidente da CCDRC, o centro de competências da UBI “tem de ser repensado na componente empresarial”. Centro esse que já estava previsto desde 2014, aquando da assinatura de uma parceria entre a PT e aquela universidade.
Ora, para Ana Abrunhosa, o facto de o projeto ter “uma grande ligação à PT” acarreta riscos, atendendo à “fase delicada” que a PT atravessa. “Não podemos ignorar essa realidade”, sublinhou a presidente da CCDRC. Ou seja, sem um projeto mais sólido, a CCDR não está disposta acautelar os valores em causa.
“Só estamos disponíveis a afetar valores quando os projetos estiverem num determinado estado de maturidade. No caso da UBI [Universidade da Beira Interior], tem de se trabalhar um pouco melhor o projeto, sobretudo na componente empresarial”, afirmou Ana Abrunhosa, contrariado a posição do reitor da UBI.
A presidente da CCDRC não foi clara quanto ao papel futuro da PT neste centro de competências dizendo, por um lado, que “a PT não sai de cena”, mas, por outro, que é necessário ter-se “a certeza que ela está em cena”.
“O nosso compromisso é de afetar pelo menos dois milhões de euros para os dois primeiros anos” de existência do centro, sendo agora preciso “trabalhar melhor o projeto, sobretudo na componente dos parceiros empresariais, que são fundamentais”, concluiu a responsável, que falava em Coimbra, no final da cerimónia de assinatura dos memorandos que vão permitir a instalação de centros de investigação de excelência na Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD) e na Universidade de Évora (UE).
António Fidalgo já tinha avisado a CCDRC – entidade que deveria garantir o financiamento através de verbas dos fundos comunitários – que só aceitaria assinar o memorando se a Comissão aceitasse especificar o valor. Mas a CCDRC teve outro entendimento, referiu António Fidalgo, durante uma sessão de esclarecimento para a comunidade académica, realizada na Covilhã à mesma hora em que, em Coimbra, eram assinados os memorandos com as outras duas universidades.
Os memorandos surgem no seguimento de um desafio que foi lançado a estas instituições pelo ministro Miguel Poiares Maduro e preveem a criação de um centro de excelência sobre a vinha e o vinho na UTAD de um centro dedicado à área do agroalimentar na UE.
Por agora, assinaram os memorandos a UE e a UTAD. Ainda assim, Poiares Maduro disse estar “certo” que o memorando também será assinado com a UBI, frisando o empenho da CCDRC e desta universidade “em concluir” o processo.
Na UTAD vai ser criado um Centro de Investigação de Excelência sobre a vinha e o vinho; a UE vai concentrar-se na área agroalimentar e a UBI vai apostar nas novas tecnologias. Os três Centros têm financiamento garantido, no âmbito do quadro de fundos comunitários Portugal 2020.