O comité Executivo da UEFA manifestou “total confiança” no presidente da organização, depois da suspensão de Michel Platini por 90 dias pelo Comité de Ética da FIFA.

A organização afastou ainda a possibilidade da substituição temporária de Platini, acrescentando que o líder da UEFA “vai fazer todas as diligências para recorrer da decisão e ilibar o seu nome”.

A estrutura de cúpula do futebol europeu apelou ainda a uma “decisão rápida” sobre o caso.

Michel Platini também já reagiu à suspensão. O presidente da UEFA fez uma declaração oficial, citada pela Reuters, onde afirma estar “mais determinado que nunca a defender-me perante as instituições judiciais relevantes”. Platini acrescentou ainda ter recebido “muitas mensagens de membros de associações da UEFA e de outras associações a encorajar-me a continuar o meu trabalho e a continuar a servir os interesses do futebol” e conclui dizendo “nada me fará desistir desse compromisso”.

O presidente da FIFA, o suíço Joseph Blatter, e o presidente da UEFA foram esta quinta-feira suspensos provisoriamente por 90 dias pelo Comité de Ética do organismo que rege o futebol mundial.

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Blatter e Platini – que é candidato a suceder ao suíço na presidência da FIFA, nas eleições marcadas para 26 de fevereiro de 2016 – foram suspensos em consequência da implicação no escândalo de corrupção que atingiu a instituição.

O secretário-geral da FIFA, o francês Jérôme Valcke, foi suspenso provisoriamente por 90 dias, e o sul-coreano Chung Mong-Joon, que também já assumiu a candidatura à sucessão de Blatter na presidência do organismo, foi suspenso por seis anos e multado em 100.000 francos suíços (perto de 91.000 euros).

O comunicado emitido pela Comissão de Ética da FIFA indica que as suspensões provisórias impostas aos três dirigentes entram em vigor de imediato e podem ser prolongadas, desde que esse período adicional não exceda 45 dias.

“Durante este período [em que decorre a suspensão provisória], as pessoas acima mencionadas estão proibidas de participar em quaisquer atividades relacionadas com o futebol, tanto a nível nacional como internacional”, precisa o comunicado.

Na base das decisões anunciadas esta quinta-feira estão os inquéritos aos três dirigentes que decorrem no próprio Comité de Ética da FIFA, ainda que vários outros responsáveis do organismo estejam também a ser investigados pelas autoridades suíças e norte-americanas.

A 25 de setembro, o Ministério Público suíço instaurou um processo criminal a Blatter, que foi interrogado na qualidade de arguido, por suspeita de gestão danosa, apropriação indevida de fundos e abuso de confiança.

Platini foi ouvido na qualidade de testemunha e acabou por ser implicado no processo, por, alegadamente, ter recebido de Blatter um pagamento ilegal, feito “em prejuízo da FIFA”, no valor de dois milhões de francos suíços (perto de 1,8 milhões de euros).

As autoridades suíças informaram que existe ainda “a suspeita que Joseph Blatter violou os seus deveres fiduciários” para com a FIFA, ao ter assinado com a CONCACAF um contrato para a cedência dos direitos de transmissão televisiva dos Mundiais de 2010 e 2014 por valores muito abaixo do preço de mercado.

Mong-Joon, antigo vice-presidente da FIFA, foi considerado culpado de ter violado cinco artigos do código de ética do organismo no processo de atribuição das organizações dos Mundiais de 2018, à Rússia, e 2022, ao Qatar.

Valcke, que desde 2007 era o braço-direito do presidente demissionário da FIFA, já estava suspenso por alegada conduta imprópria, na sequência de denúncias que davam conta de alegado benefício do secretário-geral num acordo para a venda de bilhetes a preço inflacionado para o Mundial2014.

A FIFA foi abalada por um escândalo de corrupção em maio, a dois dias da reeleição de Blatter, num processo aberto pela justiça dos Estados Unidos e que levou a acusações a 14 dirigentes e ex-dirigentes.

No início de junho, Blatter apresentou a demissão, abrindo o caminho para novas eleições, marcadas para 26 de fevereiro de 2016.

Além de Platini e de Mong-Joon, são também candidatos à presidência da FIFA o príncipe jordano Ali bin Al Hussein, antigo vice-presidente da FIFA, e o ex-futebolista brasileiro Zico.