O espanhol Javier Sánchez venceu o Campeonato Nacional da cerveja Estrella Galicia e tornou-se a pessoa que melhor serve cerveja em Espanha. Javier, natural de Jerez de la Frontera, tira a cerveja perfeita. E é já visto como o maior perito nesta bebida no país vizinho.

O dono de uma cervejaria na cidade andaluza ganhou uma fama tal que o El Pais decidiu desafiar Sánchez a elencar algumas dicas para se desfrutar de uma cerveja da melhor maneira. O espanhol não fez por menos e desfez ainda alguns mitos sobre a bebida:

• Nunca colocar copos no congelador: a razão é simples. Não é nada higiénico: “Mesmo que esteja limpo, apanha um pouco de cheiro. Às vezes, uma ligeira capa de gelo pode aguar a bebida e altera o seu sabor. Eu nunca o faço.”
• Não humedecer os copos: “Quase ninguém humedece o copo. Um copo frio e húmido frio e húmido permite que a cerveja escorregue melhor e não perca força. Penso que as pessoas sabem estas coisas, mas falta rotina.”
• Conseguir a inclinação perfeita: ao servir uma cerveja uns inclinam muito o copo, outros menos e outros nem sequer inclinam. Mas aqui vai a explicação do especialista: serve-se 75% da cerveja com uma inclinação de 45 graus. Mais ou menos como os ponteiros do relógio quando marcam as 15 horas e 40 minutos e com “o gargalo da cerveja junto à entrada do copo. Deixar deslizar muito lentamente o líquido para que não faça espuma. Os outros 25% servem-se com o copo pousado e levantando a garrafa lentamente para formar uma coroa de espuma.”
• Qual a importância da coroa de espuma? Esta pequena camada de espuma é fundamental para a cerveja não oxidar: “Deve medir 2 ou 3 centímetros e assim protege a bebida do oxigénio. Esta espuma deve permanecer até terminarmos a bebida.”
• A cerveja não combina com gordura de porco: “A gordura animal fica nos lábios e, ao tocar na espuma, ela morre. Há cerveja para todo o tipo de alimentos. Para mim, a cerveja preta stout irlandesa com um queijo fresco é um prazer enorme. Mas, generalizando, é melhor comer um pouco de pão para limpar a gordura do porco nos lábios. Assim a espuma sofre menos”, diz ele. Portanto, nada de couratos nem febras, ok. Ou então, sempre com pão ou guardanapo ao lado.
• A barriga de cerveja existe? Na opinião de Sánchez, não. “A cerveja é das bebidas alcoólicas que menos engorda. O que faz crescer a barriga é o que comemos enquanto bebemos cerveja.”
• Beber da garrafa? Nem pensar! “Perdes metade do sabor.”
• A cerveja bebe-se fria: “Nem todas as cervejas se bebem com a mesma temperatura, claro, mas em geral serve-se fria. No verão ou no inverno.”
• A Alemanha não é a potência mundial da cerveja: “Têm um bom material. Mas também os espanhóis, os ingleses, os irlandeses, os escoceses, os belgas ou os checos [sim, ele não fala de Portugal]. Por exemplo, na República Checa, que é um país pequeno, as fábricas de cerveja sempre foram familiares, por bairros e, portanto, mais numerosas. Isso dá muita cultura.”

• E a cerveja artesanal? Realmente está na moda mas isso não quer dizer que seja boa: “Não significa que seja um sucesso. Desde a crise, mais gente quis fazer cerveja em casa. Mas, curiosamente, isso acontece porque a indústria da cerveja faz um bom produto. Por isso as pessoas querem fazer igual. Isso não significa que o resultado possa competir na qualidade. Só que está na moda.”