Mais parecia um mar Pescanova. Lembra-se de um anúncio que passava na televisão, em que aparecia um cargueiro dos grandes a ser balançado e a levar porrada em alto mar, a subir ondas que mais pareciam montanhas de água? Era obra da tal marcar de comida congelada e aqui ninguém lhe quer fazer publicidade, mas era esse cenário que nos veio à cabeça com o que se via às 10h45, quando Vasco Ribeiro entrou para a água em Peniche. Chovia muito, o vento mar-terra (onshore) soprava forte e tornava desordenada a ondulação que entrava pela praia do Molhe Leste. Ninguém diria que aquilo eram condições para três homens irem surfar, embora a organização do Moche Rip Curl Pro decidisse passar a competição para ali.
O mar acordou mal disposto, bem grande, e as condições eram menos más ali, na praia encostada ao pontão que protege o porto de Peniche, do que nos Supertubos, onde está montada a estrutura da prova. Os surfistas lá foram e a verdade é que não foi nada fácil e Vasco Ribeiro que o diga. O português apenas apanhou quatro ondas em meia hora de bateria e o melhor que fez foi sacar um 6.67, que por minutos até o colocou a liderar o heat. O problema é que Jeremy Flores também estava na água.
.@floresjeremy takes down @VascoRibeiro2 & @Keanu_Asing in #MocheRipCurlPro Rd 4, Heat 3: https://t.co/UJyi9HSJ2T pic.twitter.com/zt9Ea3qJWo
— World Surf League (@wsl) October 27, 2015
O surfista francês nascido na Ilha Reunião foi quem menos estranhou as condições de quase temporal com que a bateria arrancou. Flores foi o único a surfar ondas na casa dos sete pontos (7.60 e 7.03) e isso valeu-lhe uma pontuação de 14.63 — é obra, tendo em conta como o mar estava a dar as boas-vindas aos primeiros surfistas a visitá-lo nesta terça-feira. Vasco Ribeiro, que eliminara Adriano de Souza, segundo classificação do ranking mundial, na ronda anterior, terminou com 10.60 e Keanu Asing, o mais pequenote (1.63m) surfista no circuito, acabou no terceiro lugar e fará companhia ao português na quinta ronda, para a qual são repescados os surfistas derrotados nesta ronda.
E no final de tudo isto o mar acabou por ser malandro, já que as condições melhoraram um pouco — ondas mais ordenadas e o vendo a soprar não com tanta força — nos últimos cinco minutos da bateria. As nuvens até se foram embora e quando Gabriel Medina, Michel Bourez e Italo Ferreira entraram na água para o heat seguinte, as condições já estavam um pouco melhores. Vamos lá ver se as ondas se põem mais a jeito quando Vasco Ribeiro voltar à água.