Três anos depois de terem sido efetivamente ocupadas por escritórios e habitação, as duas ruas que compõem a urbanização Nova Amoreiras, em Lisboa, vão finalmente ter um nome. Muito brevemente, aquelas que até agora eram, simplesmente, as “ruas sem nome”, vão passar a chamar-se Rua Sousa Pinto e Rua Seara Nova. Assim, parece ver-se agora o fim de uma situação que o Observador já denunciara em março.
Os vereadores da Câmara Municipal de Lisboa aprovaram esta quarta-feira, por unanimidade, atribuir o nome de Seara Nova à artéria que começa na Rua de Artilharia Um e termina na Travessa das Águas Livres, e o topónimo Sousa Pinto à outra rua, que descreve uma curva no interior da urbanização. A decisão põe fim a uma situação caricata: até agora, a morada oficial da Nova Amoreiras era um prédio que não existe na Rua de Artilharia Um, e de onde sai precisamente a rua que agora vai ser batizada com o nome da revista Seara Nova.
Isto criava constrangimentos aos moradores da zona, que enfrentavam invulgares dificuldades sempre que precisavam de chamar um táxi ou uma ambulância ou, simplesmente, queriam encomendar uma pizza. Além disso, até há não muito tempo, uma vez que as ruas não tinham nome, a Empresa Municipal de Mobilidade e Estacionamento de Lisboa (a EMEL) não podia regular o estacionamento e este era feito de forma desordenada praticamente todos os dias, como o Observador testemunhou em março.
Na altura, uma fonte do núcleo municipal de toponímia da câmara garantiu ao Observador que já havia um nome proposto para a rua que liga a Artilharia Um e a Travessa das Águas Livres, mas que ainda não havia data prevista para a discussão em reunião camarária, como é obrigatório. A Junta de Freguesia de Santo António propôs que aquela artéria se chamasse Arquiteto Cosmelli Sant’Anna, mas acabou por ser Seara Nova o nome proposto pela vereadora da Cultura, Catarina Vaz Pinto, e aprovado por todos os vereadores.
Na reunião pública de câmara desta quarta-feira, apenas houve uma objeção. “Este topónimo agora proposto diz ‘Rua da Seara Nova’, ora induz em erro”, disse o vereador comunista Carlos Moura, que sugeriu a retirada do “da” e a opção somente por Rua Seara Nova. “Para que se perceba que não é uma seara nova qualquer, que se refere de facto a uma revista”, afirmou. Entre risos e acenos, o “da” lá acabou por cair.