O julgamento de Hissene Habre, ditador do Chade exilado, por crimes de guerra e contra a humanidade, foi suspenso até 9 de novembro, declarou nesta quinta-feira o presidente do tribunal especial do Senegal. “O tribunal vai aproveitar este período para rever” as gravações, afirmou Gberdao Gustave Kam, presidente das Câmaras Extraordinárias Africanas, falando sobre o processo de Habre, de 73 anos, cujo regime ficou marcado pela brutalidade.

Naquela que é a primeira vez que um déspota de um país africano é levado a tribunal noutro país, Habre – que fugiu para o Senegal após ser deposto, em 1990 – está a ser processado por crimes de guerra, crimes contra a humanidade e tortura, práticas levadas a cabo durante os oito anos do seu regime repressivo.

O julgamento tinha conclusão prevista para quarta-feira, mas “provavelmente vai prolongar-se até fevereiro”, declarou à Agência France-Presse um porta-voz do tribunal, Marcel Mendy, segundo quem “ainda há 20 testemunhas por ouvir em Dacar e outras em N’Djamena”.

Por seu lado, o presidente das Câmaras Extraordinárias Africanas afirmou que a sessão de 09 de novembro vai ter início com o depoimento de Clement Abaifouta, da Associação de Vítimas de Crimes do Regime de Hissene Habre. Grupos de defesa dos direitos humanos asseguram que 40.000 pessoas foram mortas durante um regime marcado pela feroz repressão dos opositores, tendo sido visados grupos étnicos rivais. Todavia, uma comissão de investigação garante que o número real é, provavelmente, muito superior.

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