Educação e economia. Dois conceitos amplos, bem presentes na sociedade. Sobre eles há dados e informação. Estatística. “[Hoje] temos muito mais informação quantitativa.” Quem o disse foi Pedro Magalhães, diretor científico da Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS), no fórum de abertura do projeto aQeduto. “Em vez de mais números, precisamos de uma análise mais crítica, mais consciente”, acrescentou. E se há dados, se há números e estatísticas tão variadas, porque não relacioná-las e tirar conclusões? É o que a equipa do aQeduto se propõe a fazer.
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A primeira sessão decorreu esta segunda-feira, no auditório do Conselho Nacional de Educação (CNE), em Lisboa. Como esta irão existir outras dez, ao longo dos próximos meses. “Temos esperança que, ao fim das 11 sessões que vamos fazer, a última seja coincidente com o ‘Mês da Educação’ que a FFMS adota desde outubro”, refere David Justino, presidente do CNE. “Ficaremos mais municiados para que quando saírem os novos resultados, nós os possamos enquadrar no que estivemos a falar nestas sessões”, disse.
O que é o PISA?
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O Programme for International Student Assessment (PISA), é um instrumento internacional de avaliação criado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico (OCDE) em 1997.
As competências dos alunos são avaliadas em três áreas do saber: Leitura, Matemática e Ciências. Realiza-se em ciclos trienais desde 2000 e em cada um desses ciclos é avaliada, como domínio principal, uma das três áreas do saber.
Em 2012 participaram 65 países neste programa internacional.
E de que resultados falava David Justino? O também ex-ministro da Educação referia-se aos dados do PISA, um programa internacional criado pela OCDE que tem como objetivo avaliar a literacia de jovens de 15 anos em Leitura, Matemática e Ciências. A idade dos alunos em teste foi explicada por Ana Sousa Ferreira, formada em estatística e análise de dados e coordenadora científica do projeto: “[Os alunos são avaliados aos] 15 anos porque, na época em que o PISA foi lançado, correspondia aos anos de término da escolaridade obrigatória”.
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Ponto de partida: “nos cinco ciclos PISA”, os alunos portugueses com 15 anos “melhoraram gradualmente os resultados” nos domínios do conhecimento em prova. “A partir do ciclo de 2009, aproximaram-se da média da OCDE”. Ora, além dos rankings, os resultados do programa PISA são apresentados em pontuação (scores). O score médio da OCDE é 500, tido como o valor de referência pelos países que participam no programa. Em 2009, os scores a Matemática e Ciências aproximaram-se de 490, valor que chegou mesmo a ser ultrapassado no campo da Leitura.
Ou seja, a tendência global é de crescimento. “Entre 2000 e 2012, Portugal reduziu a percentagem de alunos com desempenho fraco” e “aumentou a percentagem de alunos com desempenho de excelência”, lê-se no folheto publicado por ocasião deste primeiro fórum (e cujo conteúdo pode ser consultado aqui). E foi o próprio Pedro Magalhães a interrogar: afinal, “porque melhoraram os resultados?”
Ainda não há uma resposta concreta, pois essa é a questão sobre a qual assenta todo o projeto. Para já, nesta primeira sessão, trabalhou-se em conjunto com diversos dados macroeconómicos (o tema central do fórum era “Educação e Economia: Quem vai à frente?”). Como, por exemplo, relacionar a variação dos scores PISA em Matemática com a variação do Produto Interno Bruto (PIB) per capita, para 11 países da Europa — que levou a equipa de investigação a concluir que, “na Holanda, entre 2000 e 2012, o PIB aumentou mas o desempenho médio dos alunos no teste PISA diminuiu”.
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O público deste primeiro fórum foi composto maioritariamente por gente ligada à educação (professores, diretores de agrupamentos e diretores regionais), que também interveio. Uma das questões levantadas pelos presentes prendeu-se com eventuais efeitos das políticas públicas de educação na variação dos resultados dos alunos portugueses nos testes PISA. David Justino contrapôs, defendendo que “os efeitos das políticas nunca são imediatos”.”A curto prazo, eu acredito muito pouco nas políticas educativas”, acrescentou.
O projeto aQeduto deverá regressar ao auditório do CNE no próximo dia 25 de janeiro. A equipa de investigação e os participantes procurarão responder à questão “‘Chumbar’ melhora as aprendizagens?”. Para essa data, prevê-se a publicação de um novo folheto informativo enquanto se caminha para uma conclusão sobre os motivos que levaram a essa evolução positiva dos resultados dos alunos. Baseada em dados, claro.
Editado por Diogo Queiroz de Andrade.