O presidente da Câmara de Lisboa disse esta sexta-feira que a autarquia equacionou construir a nova Feira Popular no Parque das Nações, em Monsanto ou na Bela Vista, antes de escolher Carnide.

Falando na reunião da Assembleia Municipal desta tarde, Fernando Medina referiu que “foram abordadas possíveis localizações”.

Uma delas foi o Parque das Nações, zona para a qual foi feito um estudo, que revelou que “a situação do aterro é instável e será durante muito tempo”, inviabilizando esta opção, adiantou.

De fora ficaram também Monsanto e a Bela Vista, locais onde não é possível eliminar área verde para colocar divertimentos, já que são “usufruídos por todos”, de acordo com o autarca socialista.

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“Sem estas alternativas, tivemos de pensar noutra”, afirmou, aludindo à escolha de Carnide (anunciada em novembro), que classificou como uma “extraordinária oportunidade para o desenvolvimento da cidade e de uma zona necessitada”.

Recordando que a zona tem “Metro à porta”, Fernando Medina admitiu que a estação de Carnide se passe a denominar “estação da Feira Popular”.

O tema foi levado à reunião devido à apreciação de uma permuta entre o município e um fundo de investimento com o intuito de concretizar o parque urbano da Pontinha, com 20 hectares, onde vai funcionar a nova Feira Popular.

A Assembleia Municipal de Lisboa aprovou — com os votos contra do BE, PAN, MPT, CDS-PP e dois deputados do PSD, abstenção de três sociais-democratas e votos favoráveis do PS, PEV, PCP, Parque das Nações Por Nós e Cidadãos por Lisboa (eleitos nas listas socialistas) — a troca do Palácio dos Machadinhos por dois prédios em Carnide, propriedade do Fundo de Investimento Imobiliário Fechado (Imogestão), gerido pela Sociedade Gestora de Fundos de Investimento Imobiliário (Selecta) e ligado ao Novo Banco.

Intervindo na sessão, o bloquista José Casimiro defendeu que, em vez da permuta, se deveria ter optado por alienar o Palácio dos Machadinhos.

Em resposta, Medina recordou que o edifício “esteve duas vezes em hasta pública”, mas nunca houve compradores.

Relativamente aos prédios em Carnide, a Câmara optou pela permuta já que “o proprietário não [os] quis vender”, explicou.

O chefe do executivo municipal vincou que o processo “é feito com total transparência e equilíbrio, na defesa do interesse público”.

Como as avaliações imobiliárias externas revelaram uma diferença de perto de um milhão de euros entre o palácio (3,8 milhões de euros) e os dois prédios (2,9 milhões), ficou estipulado que o primeiro, onde funciona a Direção Municipal de Cultura, ficaria sob alçada da Câmara por mais 42 meses.

O deputado do CDS Diogo Moura defendeu que esta ocupação “não é justificável”, referindo que a permuta foi pensada de “forma pouco clara e transparente”.

Para o presidente da Junta de Freguesia da Estrela, onde se localiza o palácio, importa acautelar a preservação dos azulejos que se encontram neste edifício. Luís Newton solicitou, por isso, uma “requalificação […] que não o violente”.

A Feira Popular foi criada em 1943 para financiar férias de crianças carenciadas. Antes de Entrecampos, onde funcionou de 1961 a 2003, a feira esteve em Palhavã.