Espera-se uma noite ainda mais severa no Reino Unido: a tempestade Frank foi elevada ao nível 9 de perigo de inundações, descrita como “perigosa para a vida”. Principalmente nas regiões de York, o vento pode soprar a 129 km/h e pode chover numa noite o equivalente à precipitação total de um mês, escreve o Mirror. A situação pode permanecer preocupante até à noite de Fim de Ano.

Até parece que, com um pé já em janeiro, a Terra só tem hemisfério sul. É que, apesar das cheias provocadas pelas chuvas em Inglaterra, tem chovido pouco na parte norte do planeta. E em alguns países da Europa nem os termómetros assumem que é tempo do frio, da chuva e da neve. Se em Portugal o Instituto Português do Mar e Atmosfera já tinha alertado para o facto de os níveis de chuva serem anormalmente baixos e as temperaturas demasiado quentes para a época, estamos longe de ser caso único. Um pouco por toda a Europa há pessoas na praia em pleno Natal e estâncias de ski quase vazias nos Alpes.

É o que está a acontecer aqui ao lado, em Espanha. Os mesmos incêndios que costumam ameaçar as matas no verão fustigam por esta altura as Astúrias, onde o inverno está a ser seco e “quente” para a época. Na última segunda-feira havia 100 fogos ativos desde o fim de semana passado, conta a Euronews. E alguns deles já ameaçavam a população de San Sebastián desde 20 de dezembro, a apenas dois dias de termos entrado oficialmente no inverno. Em Maddiola, um parque natural dedicado ao agroturismo, 25 pessoas tiveram de ser evacuadas devido à ameaça do fogo. Nesse dia estavam 23ºC. No norte de Espanha.

Mesmo onde o fogo dá tréguas em Espanha, a situação não está normalizada: Emilio Rey, responsável pelo site meteorológico Digital Meteo, diz ao ABC que a última vez que nevou em Navacerrada foi há mais de um mês, a 26 de novembro. A falta de neve obrigou duas estâncias de ski espanholas – em Navacerrada e em Valdesquí, ambas no Parque Nacional da Serra de Guadamarra, as mais perto de Madrid – a fecharem portas enquanto o manto branco não chega. Quem visitar estes locais este ano vai encontrar uma serra em tons térreos que contrasta com os 60 cm de neve que cobriam aqueles terrenos ainda o ano passado. Se em 2015 os empresários tiveram de contratar mais pessoas na época dos desportos de inverno, este ano os funcionários estão “angustiados” com a possibilidade de virem a ser despedidos.

A situação é semelhante na Suíça: este inverno quase não há neve por lá. A Reuters escreveu esta segunda-feira que o país atravessou o dezembro mais quente dos últimos 150 anos: os termómetros suíços elevam o mercúrio 3.5 ºC acima do normal e o sol continua a brilhar livre das nuvens nos Alpes. Conclusão: a neve não cai, o tempo está demasiado quente e o turismo relacionado com os desportos da neve fica estagnado. Este ano está a ser negativo, mas 2016 pode trazer ainda mais problemas, indica a World Meteorological Organization: o El Niño não vai perdoar e o tempo ameno pode voltar a marcar o próximo inverno na Suíça.

É também o fenómeno do El Niño que está a provocar as tempestades que têm atingido os países americanos no hemisfério sul (eles sim em pleno verão), nomeadamente o Uruguai, a Argentina e o Paraguai. Enquanto na América do Sul já foram evacuadas 150 mil pessoas por causa do mau tempo, a zona central e sudoeste dos Estados Unidos da América já registou temperaturas a rondar os 28ºC. No sábado, o valor baixa para zero, informa a Phys Org. E enquanto esta mudança repentina de temperaturas se regista na América do Norte, os países africanos e a Austrália continuam em seca. Dizem os meteorologistas que este pode ser o El Niño mais forte dos últimos 100 anos.

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