O fadista Camané atua, em fevereiro, no Irão e na África do Sul, com um programa que contempla o seu mais recente álbum, “Infinito presente”, e revisitará uma carreira de cerca de 35 anos, disse fonte próxima do artista.

No dia 15 de fevereiro, o criador de “Ela tinha uma amiga” sobe ao palco do Fajr International Music Festival, que decorre na Tehran Milad Tower, na capital iraniana, naquela que é a estreia do fadista em territórtio da República Islâmica do Irão.

Quatro dias depois, a 19, Camané apresentar-se-á no Marcellus Theatre, no Emperors Palace Casino, em Joanesburgo, na África do Sul.

Nos dois concertos, o fadista, detentor de três Prémios Amália, é acompanhado pelos músicos José Manuel Neto, na guitarra portuguesa, Carlos Manuel Proença, na viola, e Paulo Paz, no contrabaixo.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR

O álbum “Infinito presente”, em que baseia o alinhamento dos dois concertos, foi editado em maio do ano passado, e inclui um inédito de Alain Oulman, “A Correr”, compositor que o fadista já tinha interpretado no álbum “Sempre de mim”, em 2008.

Este CD, que inclui ainda duas composições de José Júlio Paiva, bisavô do fadista, marcou o regresso de Camané aos estúdios, depois de cinco anos ausente, desde “Do amor e dos dias”, editado em setembro de 2010. Pelo meio, foi publicada, em 2013, a antologia “O Melhor de Camané 1995-2013”.

O “tema-título” do disco, “Infinito presente”, é um poema de David Mourão-Ferreira, cujo título original é “Corpo Iluminado, XII”, poeta de referência do fadista, de quem, entre outros, já gravou “Escada sem corrimão”.

Neste álbum, também de David Mourão-Ferreira, Camané gravou “Chega-se a este ponto”, originalmente intitulado “Equinócio”, e “Paraíso”, ambos os fados com música de José Mário Branco.

Machado de Assis, Frei António Chagas, João Ferreira-Rosa, Manuel Alegre, Fernando Pessoa e Manuela de Freitas são outros autores escolhidos pelo fadista.

Para o intérprete de 48 anos, que começou a cantar ainda menino, é a verdade que sempre norteia a sua carreira.

“A forma de chegar às pessoas é dando-lhes aquilo em que eu acredito, tentar o que acho que elas devem ouvir e não aquilo que elas querem ouvir”, afirmou à Lusa Camané.

Camané venceu por duas vezes a Grande Noite do Fado de Lisboa, em juniores e seniores, e, ao longo do seu percurso, passou por várias casas de fado, nomeadamente, o restaurante Senhor Vinho, da fadista Maria da Fé e do poeta José Luís Gordo.

No teatro fez parte dos elencos de “Grande Noite”, “Maldita Cocaína” e “Cabaret”, sempre dirigido por Filipe la Féria. Em 2002, participou num espetáculo com Manuela de Freitas, em torno da obra do poeta Fernando Pessoa, que foi apresentado no Palais des Beauxs Arts, em Bruxelas.

A partir de 1995, quando editou o CD “Uma noite de fados”, os álbuns do fadista foram sempre produzidos pelo músico José Mário Branco. Desde então, conta já seis álbuns de estúdio, além dos registos ao vivo, como “Camané ao vivo no Coliseu” (2009), e das compilações, entre as quais “The arte of Camané — The prince of fado” (2004).

O primeiro DVD do fadista, “Ao vivo no S. Luiz”, surgiu em 2006.