A Semana Europeia da Programação, também conhecida por Europe Code Week, estará de regresso em outubro entre os dias 15 e 23. A iniciativa, apoiada pela Comissão Europeia, visa promover competências na área da programação informática e este ano, à semelhança do ano anterior, será alargada a todo o mundo e não se limitará aos Estados-Membros da União Europeia.
Mas porquê aprender a programar? Ao Observador, Bruno Ferreira, embaixador da Code Week em Portugal, explica que, por um lado, “o desemprego é um dos maiores problemas para os jovens” e, por outro, “há uma lacuna bastante grande de profissionais formados na área das Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC)”. Espera-se assim que a iniciativa ajude a “dar resposta a este problema do desemprego”, permitindo “um primeiro contacto com a programação”.
Ao contrário de outras áreas do raciocínio lógico, aprender a programar até pode ser estimulante. Bruno Ferreira acredita que a programação “pode ser aprendida de uma forma muito mais criativa [até] do que a própria matemática”: “[Na programação] utilizamos a lógica computacional. Acaba por ser uma capacitação para quem estiver a aprender programação que, em termos do pensamento lógico e desenvolvimento do raciocínio, consegue ter uma aprendizagem muito mais interativa e divertida.” Assim, não é de estranhar que a edição do ano passado tenha alcançado quase 570 mil pessoas, nos 7.594 eventos que decorreram em 48 países. Neles, os participantes puderam criar jogos, construir um website ou descobrir mais acerca de hardware e robótica.
Webinar da Direção-Geral da Educação onde Bruno Ferreira explica o conceito da Code Week 2015
Como participar
A Semana Europeia da Programação é um conjunto de eventos organizados de forma voluntária, maioritariamente por escolas ou grupos a título individual. Ou seja, a organização e dinamização dos eventos fica sempre a cargo de quem tem a ideia, sabe programar e quer ensinar programação.
Depois, basta registá-la: “Nós temos um site onde estão registadas todas as iniciativas ao nível europeu. Uma escola, uma associação ou um grupo informal pode ir ao site e registar a sua iniciativa”, explica Bruno Ferreira. “Se se enquadrar naqueles que são os objetivos” da Semana Europeia da Programação, “o evento é automaticamente aprovado” e “fica logo a constar” no mapa.
Quanto à linguagem de programação, o embaixador diz deixar essa escolha “para quem quer organizar o evento”. Quem regista o evento fica responsável pela escolha da linguagem, método de ensino, dinamização e divulgação. “Não há aqui burocracias”, garante.
Há, sim, uma regra no que toca à dinamização: “A única restrição é que isso não tenha, de alguma forma, algum tipo de receita financeira associada. A ideia não é as pessoas fazerem negócio com a iniciativa. Sempre que nós nos apercebemos — até porque já aconteceu — que alguém está a organizar um evento e que vai depois cobrar a participação no evento, obviamente que não é aceite”, avisa.
Na edição de 2015, Portugal acolheu 69 eventos. O número “superou as expectativas” e, segundo o embaixador, o objetivo para este ano é “aumentar o número de iniciativas aqui no país” e “criar uma estrutura voluntária ao nível nacional”, assim como “alargar o raio ao nível da sensibilização”.
Programação no ensino público
“Há aqui um objetivo que estava traçado de forma transversal para todos os países envolvidos [na Code Week], que era, no fundo, criar o lóbi para que a programação pudesse entrar e integrar os programas curriculares” ao nível “do ensino público”, confessa Bruno Ferreira ao Observador. Para já, a missão parece estar no bom caminho: “Em Portugal, este ano, conseguimos que o Ministério da Educação criasse um programa para o ensino da programação no primeiro ciclo”, conta.
O programa é o projeto-piloto “Iniciação à Programação no 1º Ciclo do Ensino Básico”, lançado este ano letivo pela Direção-Geral da Educação. Destina-se a alunos do terceiro e quarto anos de escolaridade. “O Ministério da Educação abriu a possibilidade de as escolas se candidatarem [ao programa]. Houve um conjunto já alargado de escolas que se candidataram e isso implicou também a formação de alguns professores, para poderem eles próprios lecionar a programação nas escolas”, explica.
Para já, esta primeira edição do projeto conta com a participação de 700 professores e vai abranger 37 mil alunos. A lista completa dos agrupamentos ou instituições de ensino inscritos no projeto-piloto pode ser consultada aqui.
Editado por Filomena Martins