James B. Comey, diretor do FBI, disse que não seria “razoável” acusar Hillary Clinton pelo uso do seu email pessoal para partilhar informações confidenciais enquanto ainda era Secretária de Estado, avança o New York Times. Apesar de não aconselhar uma acusação, considera que usar um sistema não secreto para partilhar informações secretas do país foi um ato “extremamente descuidado” por parte da ex-secretária de Estado e da sua equipa.

Estas declarações, que poderão ter impacto na corrida presidencial, surgem depois de uma investigação de um ano feita pelos serviços secretos. Os emails foram detetados por Charles McCullough III, inspetor geral dos serviços secretos, que reportou a descoberta ao Departamento de Justiça. O inspetor-geral foi alertado pela Comissão Parlamentar de Inquérito que investigava o ataque de setembro de 2012 à embaixada norte-americana em Beghazi, na Líbia, em que morreram quatro americanos, entre os quais o embaixador J. Christopher Stevens.

Em causa estava o envio de documentação secreta, mas que não estava identificada como tal, através do email pessoal de Hillary Clinton e as mensagens eram veiculadas através de um servidor que estava na sua casa, em Nova Iorque. Os críticos de Clinton dizem que, ao usar um sistema tão vulnerável, a ex-secretária de Estado pôs em risco a segurança nacional.

O Departamento de Estado analisou mais de 55.000 páginas de email, sendo que a candidata democrata solicitou que não fossem examinados cerca de metade desses emails, alegando que diziam respeito a assuntos pessoais.

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À Comissão Parlamentar de Inquérito e aos serviços secretos, foram entregues cerca de 800 emails. Esses emails foram classificados em diferentes níveis de confidencialidade e mais de duas dezenas foram marcados como “Top Secret” — o nível máximo de confidencialidade. Alguns deles abordavam o programa de drones no Paquistão que, apesar de ser discutido nos meios de comunicação social americanos e paquistaneses, é um programa secreto.

A ministra da Justiça norte-americana, Loretta Lynch, assegurou na sexta-feira que respeitaria as recomendações do FBI e dos procuradores envolvidos no inquérito, tentando desta forma afastar qualquer interferência política neste delicado ‘dossier’.

Lynch foi alvo de forte polémica por se ter reunido na semana passada com o ex-presidente Bill Clinton, e que o virtual candidato republicano Donald Trump definiu como um encontro ilegal.

Ao reagir através do Twitter às recomendações do FBI, Donald Trump disse que “o sistema está ardiloso” na linha das críticas que já tinha emitido na sexta-feira após o encontro entre Bill Clinton e Lynch, quando sugeriu que “provavelmente foi combinado e pretendido por Hillary!”.

“Muito, muito injusto! Como de costume, uma má decisão”, afirma Trump na sua mensagem no Twitter, ao considerar que o general retirado David Petraeus, ex-diretor da agência de informações CIA, “se meteu em problemas por muito menos”.

Petraeus foi forçado a demitir-se em novembro de 2012 por se exceder na informação que transmitiu à sua amante, que poderá ter acedido a assuntos de segurança nacional.

Em paralelo, o portal WikiLeaks difundiu esta terça-feira 1.258 novos correios eletrónicos de Hillary durante a sua permanência como chefe da diplomacia dos EUA, e onde afirma que existe informação sobre a guerra do Iraque recebida e enviada pela virtual candidata democrata à presidência.