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Durão Barroso vai ser "chairman" do Goldman Sachs

Este artigo tem mais de 5 anos

O ex-presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, vai ser o novo presidente do conselho de administração do Goldman Sachs International.

As reações à contratação de Durão Barroso não se fizeram esperar. "Barroso recicla-se no 'gangsterismo' financeiro global”, escreve Jorge Costa
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As reações à contratação de Durão Barroso não se fizeram esperar. "Barroso recicla-se no 'gangsterismo' financeiro global”, escreve Jorge Costa

Getty Images

As reações à contratação de Durão Barroso não se fizeram esperar. "Barroso recicla-se no 'gangsterismo' financeiro global”, escreve Jorge Costa

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O ex-primeiro-ministro e ex-presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, vai ser o novo presidente não executivo do conselho de administração do Goldman Sachs International, onde vai igualmente exercer funções de consultoria.

A notícia foi inicialmente avançada pela TSF, que lembrava, a propósito, que o ex-governante já tinha revelado, em entrevista à SIC, que se ia retirar da política ativa e que tinha recebido um convite.

De acordo com o Expresso, Durão Barroso iniciará funções já a partir deste mês. O banco emitiu uma nota oficial na tarde de sexta-feira onde confirma a contratação e demonstra confiança nas capacidades do português. “A sua perspetiva, capacidade de julgamento e aconselhamento vão trazer um grande valor ao nosso Conselho de Administração, aos nossos acionistas e aos nossos clientes”, pode ler-se na nota publicada no site da Goldman Sachs.

O Goldman Sachs é um dos maiores bancos de investimento do mundo e tem sede em Nova Iorque. Já a Goldman Sachs International tem sede em Londres, pelo que a nomeação de Durão Barroso teve de ser sujeita à aprovação dos vários reguladores financeiros britânicos, incluindo o Banco de Inglaterra. Além disso, a Comissão Europeia teve igualmente de se pronunciar.

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O processo de contratação de Durão Barroso é anterior ao Brexit, não estando relacionado com a decisão do Reino Unido de sair da União Europeia. Contudo, é previsível que o antigo presidente da Comissão Europeia tenha um papel importante no aconselhamento das melhores estratégias para enfrentar esta nova situação. Como presidente não executivo, e no quadro do enquadramento que, no Reino Unido, tem vindo a ser dado a esse tipo de funções, Durão Barroso deverá ter funções de supervisão interna no acompanhamento que fará da ação da administração executiva.

Foi isso mesmo que admitiu Durão Barroso, em declarações ao Financial Times. “Claro que conheço bem a União Europeia, e também conheço relativamente bem o Reino Unido. Se os meus conselhos puderem ser úteis nestas circunstâncias estou pronto para contribuir”, sublinhou o ex-presidente da Comissão Europeia.

É o “gangsterismo financeiro”

As reações à contratação de José Manuel Durão Barroso não se fizeram esperar. Sobretudo, e naturalmente, à esquerda. Jorge Costa, deputado e dirigente do Bloco de Esquerda, foi uma das vozes mais duras. “Em vez de responder pelo crime da guerra do Iraque, Barroso recicla-se no ‘gangsterismo’ financeiro global”, escreveu Jorge Costa, na sua página no Facebook.

Catarina Martins, coordenadora do Bloco de Esquerda, também já reagiu à contratação do ex-presidente da Comissão Europeia. “A natureza da governação europeia explicada num movimento: Durão Barroso vai ser ‘chairman’ do grupo Goldman Sachs”, escreve a bloquista.

CM

A eurodeputada bloquista Marisa Matias aproveita o Twitter para classificar a contratação de Barroso como uma “vergonha”. Particularmente dura, a ex-candidata presidencial questiona: “Qual é a parte que não percebem? Que gosto pérfido é este de gozarem com a nossa cara? Tudo à volta em colapso e continuam a fazer isto?”.

Mariana Mortágua também não poupa críticas a Durão Barroso. “Poderia ser mais escancarado que isto?! Durão Barroso será presidente não executivo da Goldman Sachs. Barroso assume finalmente para quem esteve a trabalhar durante todo este tempo”.

Durão Barroso foi presidente da Comissão Europeia de 2004 a 2014 e primeiro-ministro de Portugal de 2002 a 2004. Foi eleito pela primeira vez para o parlamento português em 1985, ocupando em sucessivos governos os cargos de secretário de Estado da Administração Interna, secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e da Cooperação, e ministro dos Negócios Estrangeiros. Em 1999, foi eleito presidente do Partido Social Democrata e tornou-se líder da oposição.

Antes de iniciar a sua vida política, Durão Barroso assumiu várias posições académicas, entre as quais como professor convidado da Georgetown University. Mais recentemente, sinaliza a nota, foi professor convidado de Política Económica Internacional na Universidade de Princeton.

É atualmente também professor convidado na Universidade Católica, em Lisboa, na Universidade de Genebra, e no Instituto de Altos Estudos Internacionais e do Desenvolvimento na mesma cidade.

José Manuel Durão Barroso foi reconhecido com vários graus honorários e recebeu mais de 60 condecorações, prémios e distinções, incluindo a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo e o Grande Colar da Ordem do Infante Dom Henrique.

*Artigo atualizado às 17h30 com as reações à contratação de Durão Barroso

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