Dois mil milhões. É um número equivalente a 200 vezes o número total da população portuguesa. Eram cerca de 2,3 mil milhões os utilizadores mundiais de redes sociais à entrada de 2016, com o Facebook a liderar, seguido do YouTube, Twitter, Google +, Instagram e LinkedIn.
Em Portugal, o cenário é idêntico ou, aliás, mais surpreendente: em 2015, 70% dos utilizadores de Internet no país participavam nas redes sociais, uma média superior à registada na União Europeia, segundo o Instituto Nacional de Estatística.
No mesmo ano, o Facebook foi a rede social mais utilizada, com uma taxa de penetração de 94%, seguido do YouTube (41,4%), Google + (40,2%), LinkedIn (37,3%), Instagram (28,9%) e Twitter (23,6%), de acordo com um estudo da Marktest.
Desengane-se quem pensa que as redes sociais são coisas de miúdos. Os graúdos também estão lá em força: em 2014, 49% estavam na faixa etária dos 16 aos 34 anos e 47% já tinham filhos, segundo o mais recente estudo da TNS / Google.
Não é por acaso que o marketing se tenha virado para as redes sociais. Um terço das empresas portuguesas já usa as redes sociais na sua estratégia, até pelo facto de 69% dos utilizadores seguir marcas nas redes sociais e 13% considerar inclusive que tal tem influência nas suas opções de compra, de acordo com o mesmo estudo da Marktest.
No campo empresarial, as startups parecem ter uma relação ímpar com as redes sociais. Porque é que gostam tanto delas? Porque as redes sociais correspondem: dão-lhes visibilidade sem custos, colocam-nas em contacto com o mundo em poucos segundos. Porque não exigem nada de volta: apenas conteúdos de qualidade e a manutenção da relação de qualidade com o cliente. Porque são novas, atrativas, sonhadoras e vistas pela ala empresarial mais conservadora como sinónimo de incerteza e risco: tal e qual como as startups. Umas e outras entendem-se, estabelecendo uma relação de sinergia.
Inês dos Ramos de Castro explica, na sua tese de mestrado, “o impacto das redes sociais online nas startups”, e as razões principais que levam as startups a utilizar as redes sociais como impulsionadoras de negócio: “facilidade de disseminação de informação, proximidade com o cliente, baixos custos associados à utilização das redes sociais como meio de ação e visibilidade comparável à das grandes empresas sem grandes custos”.
As ações mais comuns das startups nas redes sociais são a colocação de imagens alusivas ao produto, vídeos e incentivos aos clientes para partilhar as suas experiências com a marca. Estas acabam por ser um suporte viável e impulsionador da comunicação, promoção, exposição e vendas de uma startup.
As quatro startups que se seguem estão continuamente a crescer com as redes sociais: usam-nas para promover as suas marcas e como parte integrante do seu modelo de negócio e fontes de receita.
Begin.media
A Begin.media nasceu em outubro de 2015 com uma premissa inovadora e participativa: juntar jovens jornalistas em início de carreira, estudantes ou recém-licenciados, que têm na plataforma um local para publicar os seus trabalhos, e jornalistas mentores que os ajudam com a sua experiência e expertise.
Ainda na fase beta, a Begin.media pretende desenvolver um sistema de pagamento aos jovens jornalistas que se baseia no crowdfunding e na vontade dos leitores, que escolherão a contribuição que estão dispostos a dar para aceder aos artigos. A Begin.media ganha uma pequena comissão dessa contribuição além de prever também como fonte de receita a publicidade digital. Além disso, é possível encomendar artigos jornalísticos para os mais variados fins.
As redes sociais têm sido os principais veículos para dar visibilidade ao projeto e aos próprios artigos dos jornalistas, até porque não existia qualquer budget para publicidade paga: no Facebook, tinham até finais de julho de 2016, quase três mil seguidores; no Instagram e no Twitter somavam algumas centenas.
A startup, que participou na última edição da Web Summit, em novembro do ano passado, já recebeu em poucos meses mais de 500 candidaturas de jovens aspirantes a jornalistas, sintoma de um futuro que se afigura de sucesso.
Get Social
A Get Social está dos dois lados do palco: não só utiliza as redes sociais para expandir o seu negócio, como as usa como objeto dele. Trata-se de uma plataforma de social analytics, como um google analytics com muito mais funcionalidades e focado nas redes sociais, ajudando marketers e editores a medir, promover e potenciar o seu melhor conteúdo.
Além disso, disponibiliza um conjunto de aplicações direcionadas para o aumento de tráfego e envolvimento social, além dos vulgares botões e barras de redes sociais presentes nos websites, que permitem, por exemplo, redirecionar o tráfego para páginas específicas e informar os visitantes sobre eventos pontuais e promoções especiais.
Comercializa também um software específico para meios de comunicação social digitais, agências e departamentos de comunicação, que lhes permite perceber, em tempo real, o impacto social determinada notícia.
Integrada no Programa Ativar Portugal Startups da Microsoft Portugal, a Get Social já conta com dois investidores nacionais – a Faber Ventures e a Portugal Ventures – e está à procura de outros além-fronteiras.
Arbor Media
A Arbor Media é outro exemplo de como o ecossistema dos media sociais proporcionou o desenvolvimento de produtos. Integrada também no programa Ativar Portugal Startups, fornece soluções de software para gravação, webcasting e live streaming de aúdio e/ou vídeo, que permitem, por exemplo, transmitir qualquer evento, em direto ou em diferido, para todo o mundo, através da Internet.
Outra solução que merece destaque pela sua componente inovadora é a ConnectedViews: disponibiliza conteúdos de rádio e televisão ao vivo e acesso video-on-demand em tablets, smartphones e settop boxes.
Canal 180
O Canal 180, que arrancou em 2011, é um canal de televisão open source dedicado à cultura, às artes e à criatividade. Está disponível nos operadores por Cabo – Meo, NOS e Vodafone TV –, mas também na Internet e numa aplicação para IOS.
Comunicam com o exterior através de sete redes sociais, cada um assumindo uma função específica na estratégia de partilha de conteúdos, de acordo com o seu perfil. Estão no Facebook, onde eram seguidos em finais de julho de 2016, por quase 50 mil pessoas e no Youtube, com mais de cinco mil subscritores, onde partilham os diversos programas, na área da música, cultural visual, cinema, arquitetura ou design. Marcam também presença no Twitter, no Vimeo, no Instagram, na plataforma Tumblr e no Spotify.
Gostando ou não delas, uma coisa é certa: num futuro próximo, as empresas que não usarem as redes sociais como parte integrante da sua estratégia de comunicação, arriscam a ficar de lado da maior conversa do mundo.