Há vários tipos de “roedores de unhas”. Há os que as roem com efeitos estéticos, apenas quando estas estão muito grandes: são os roedores corta unhas. Depois, há os que as roem até ao tutano, a toda a hora, por vício. Chamemos-lhes roedores em permanência. E ainda há uma terceira espécie, os freelancers, que roem as unhas apenas em alturas específicas, causadoras de ansiedade, como jogos de futebol ou exames, e depois deixam de o fazer.

Sendo esta uma prática tão comum, ainda que com diferentes intensidades, impõe-se a questão: roer as unhas será apenas um hábito prejudicial à estética das mãos ou poderá causar, de facto, problemas de saúde?

O facto de as pessoas agarrarem tudo com as mãos faz das unhas uma fonte de bactérias, onde se incluem a Salmonella e a E.coli. Ou seja, sempre que mete uma unha na boca pode entrar em contacto com essas bactérias, que, por sua vez, podem causar infeções gastrointestinais cujos sintomas passam pela diarreia e pelas dores abdominais.

Richard Scher, membro da Academia Americana de Dermatologia, disse à Time que os roedores de longa data tendem a sofrer de uma infeção na pele que rodeia a unha. É o chamado panarício, que se caracteriza por dor latejante, vermelhidão, calor e inchaço da pele ao redor da unha. Em casos extremos pode levar à formação de pus debaixo da pele, que tem de ser drenado cirurgicamente ou tratado com recurso a antibióticos e antifúngicos.

Como se isto não fosse suficiente, quem rói as unhas aumenta a possibilidade de formação de verrugas por HPV, o vírus do papiloma humano. Estas podem espalhar-se facilmente na boca e nos lábios. De salientar que este tipo de HPV não é o mesmo transmitido por via sexual, que provoca lesões nas mucosas. O (mau) hábito de roer as unhas também prejudica os dentes, já que os leva a mudar ligeiramente de posição ou a adquirir um formato estranho, consoante a forma como a pessoa rói as unhas.

Para muitos especialistas, o ato de roer as unhas está associado ao stress ou a distúrbios psicológicos. Como tal, estes acreditam que as pessoas que o fazem compulsivamente só deixarão de o fazer depois de recorrer a um profissional de saúde mental. Mas cada caso é um caso — às vezes basta começar a cuidar das unhas para nunca mais as querer estragar.

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