O Vinho do Porto continua a conquistar terreno em França, com “um crescimento das vendas bastante significativo”, disse à Lusa Rui Paulo Almas, diretor da AICEP em Paris, à margem de uma ação de promoção do vinho do Porto na Embaixada de Portugal na capital francesa.
Tem havido um crescimento das vendas bastante significativo, quer do vinho do Porto, quer de outros vinhos do Douro aqui em França. Tem havido também uma aposta grande por parte das empresas portuguesas em relação ao mercado francês. O vinho é cada vez mais conhecido, mais consumido, tentamos apoiar as empresas no reforço da sua posição em França”, afirmou o diretor da delegação em Paris da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal.
Num dos salões nobres da Embaixada, perante uma centena de convidados – a maior parte da imprensa francesa – o embaixador de Portugal em França, José Filipe Moraes Cabral, sublinhou que “França continua, desde 1963, a ser o principal destino do vinho do Porto, e de longe“.
“França tem 27 por cento do mercado em termos de quantidade e 21 por cento em termos de valor. O consumo em França ultrapassa o consumo em Portugal, o que é curioso porque Portugal tem apenas 19 por cento do mercado mundial do Porto. Isto representa 76 milhões de euros”, descreveu o embaixador, salientando que os vinhos do Douro são outro mercado a crescer em França.
Como parte da ação de promoção, foi apresentada a antestreia do documentário “A Year in Port”, a terceira parte de uma trilogia dedicada aos vinhos, do realizador britânico David Kennard, inspirado na importadora de vinhos para a cidade norte-americana de São Francisco, nomeadamente de vinho do Porto, Martine Saunier.
“Passámos um ano nas vinhas. Há 20 anos que vou a Portugal, pelo menos uma vez por ano. Portugal é o meu segundo país”, indicou Martine Saunier durante a apresentação do documentário, acrescentando à Lusa que o filme em que participou “mostra a arte fazer o vinho do Porto” e avançando que na reunião anual da revista The Wine Spectator, em outubro, em Nova Iorque, vai ser apresentado um “Buçaco branco de 2003 como descoberta do ano”.
Na iniciativa, foi também lançada a 17a edição do “Master of Port”, um concurso que visa premiar o melhor escanção de vinho do Porto em França e em que já participaram “mais de mil candidatos”, de acordo com Edith Cayard, presidente do Sindicato [francês] das Grandes Marcas de Porto.
Portugal é um grande país amador e produtor de vinhos, sobretudo conhecido pelos vinhos da região do Douro. A notoriedade do Porto é mundial. A França é o primeiro mercado mundial para os vinhos do Porto. O ‘Master of Port’ é uma das grandes competições que pode levar a títulos prestigiantes como o Melhor Sommelier (Escanção) da Europa e o Melhor Sommelier do Mundo”, declarou Edith Cayard.
O concurso é apoiado pelo Sindicato das Grandes Marcas de Porto, pelo Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto e pela União dos Escanções Franceses, começando as provas regionais em janeiro de 2017, seguindo-se o apuramento em maio e as meias-finais e final em outubro do próximo ano.
Presente na Embaixada, o “master of Port” da 16a edição, Denis Verneau, “sommelier” num restaurante com duas estrelas Michelin em Lyon, disse à Lusa que “se trata de um título com muito prestígio e com muita importância para o mundo dos escanções em França” e que “o vinho do Porto é um universo bastante vasto que exige muitos conhecimentos”, tendo sido “o amor por este vinho que o levou a participar no concurso”.
“Como tenho este título, os clientes pedem-me cada vez mais vinho do Porto. As pessoas conhecem uma ínfima parte, a face visível do iceberg do que se produz na região. Há uma vontade da clientela em descobrir e em se deixar guiar para provar vinhos e harmonizações diferentes”, indicou Denis Verneau.
De acordo com o Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto, em 2015 foram expedidas para França 2,3 milhões de caixas de vinho do Porto no valor de 76,4 milhões de euros, com a França a ser, desde 1963, o primeiro mercado para este vinho, ainda que com uma quota mais alta em quantidade (27% em 2015) do que em volume de negócios (21%) por ser um mercado onde predominam os vinhos standard.
Ainda assim, segundo a mesma fonte, o peso das categorias especiais mais do que duplicou nos últimos 15 anos, ao passar de 4,2% em 2000 para 8,6% em 2015, com o aumento do preço médio desde 2012.