“O antes longe torna-se agora mais perto.” Foi desta forma que José Sá Fernandes resumiu o projeto que a Câmara Municipal de Lisboa tem para o vale de Alcântara. Daqui a um ano será possível ir de Monsanto ao Tejo a pé, através de um novo corredor verde que vai ser construído ao longo de três quilómetros, anunciou o vereador da Estrutura Verde.
Na intervenção, que abrange 13 hectares, vão ser construídos um viaduto ciclo-pedonal junto ao Aqueduto das Águas Livres, um túnel por baixo da linha de comboio e diversos espaços verdes. As obras permitirão também a melhoria e o aumento da iluminação existente e a colocação de 700 novas árvores naquela zona da cidade. Além disso, o corredor central da Avenida de Ceuta vai passar a ter uma ribeira, enquanto uma das vias de rodagem se vai tornar exclusiva para transportes públicos.
Tudo isto terá um custo total de “não mais do que quatro milhões de euros”, estimou o vereador Sá Fernandes em declarações aos jornalistas, na apresentação do projeto para o corredor verde, que decorreu quarta-feira na Estação de Tratamento de Águas Residuais (ETAR) de Alcântara. Segundo o autarca, a maior parte dos trabalhos estarão concluídos “daqui a um ano, ano e meio”, podendo algumas intervenções estender-se a “20 meses”.
Uma das particularidades do projeto é que alguns espaços verdes serão regados por água proveniente da ETAR. “Estamos a introduzir tubagens para que a reutilização da água seja uma realidade” em toda a cidade, apontou Sá Fernandes, referindo que isso permitirá “uma poupança e uma mostragem de boas práticas ambientais” aos munícipes.
Sá Fernandes mostrou-se especialmente entusiasmado com o viaduto projetado. “É absolutamente extraordinário passar debaixo do Aqueduto das Águas Livres, que é um dos monumentos mais importantes do mundo”, sublinhou José Sá Fernandes.
Questionado sobre possíveis constrangimentos para os cidadãos devido a estas intervenções, o responsável advogou que “a obra não incomoda ninguém, não há problema com a circulação automóvel, nem se estraga nada, pois os terrenos estão vazios”. Segundo Sá Fernandes, “não tem sido possível usufruir do vale”, sendo “quase impossível chegar à estação ferroviária de Campolide a não ser de carro”.
“Alcântara quer dizer ponte, mas não tem havido ponte nenhuma entre Campolide e Alcântara, entre o lado do Tejo e Monsanto”, criticou, acrescentou que essa ligação também é inexistente para a zona norte da cidade. Sá Fernandes vincou que “era um desejo de há muitos anos conseguir encontrar uma solução para este vale”, acrescentando que o município “está a trabalhar neste projeto, que toda a gente considerava impossível, há dois anos”.
“Não queremos um projeto perfeito, mas um perfeito projeto, que fosse fazível e concretizável, não fosse megalómano nem caro”, observou. Para a “próxima primavera”, Sá Fernandes apontou a conclusão dos corredores verdes das zonas oriental, ocidental e central da cidade.