No Benfica não enganava: era pesado, fingia pressionar, era meio desajeitado. O drible ora saía à craque, ora saía aos trambolhões, com centenas de ressaltos ganhos. Nunca o fazia em velocidade. Nolito sabia muito, era bom de bola, tinha escola da boa, mas o corpo não ajudava. Basta imaginar o comum dos mortais a andar sempre, sempre com uma mochila de dez quilos às costas todos os dias, para ir aqui e ali. Luís Enrique, hoje treinador do Barcelona, treinou o extremo no Barça B e Celta de Vigo e convenceu-o a perder esses quilos a mais…
“Ele estava em cima de mim todos os dias. Ele foi fundamental para a minha carreira”, contou Nolito em entrevista ao Guardian, a poucos dias do Manchester City de Guardiola jogar no campo do Barcelona, para a Liga dos Campeões. “Os bolos, o pão, a Coca-Cola, tudo isso é bom, mas para a minha profissão é merda. Eu treinava e depois comia, treinava e comia, treinava, comia, treinava, comia… Eu era um peixe a morder a própria cauda. Eventualmente, tu entendes: um jogador de elite tem de estar magro.”
“Eu estive com Luis Enrique no Barcelona B, depois no Celta. Ele apostou muito, muito fortemente em mim e apoiou-me. Ele fez-me ver futebol de uma forma diferente, convenceu-me que eu poderia ser alguém. (…) Sempre joguei com quilos a mais. Ele fez-me ver que era fundamental perder peso, dez quilos, para conseguir avançar. Ele foi insistente, para o meu bem. Foi duro, mas houve uma grande mudança. Brutal.”
Quem vê o Nolito do Manchester City consegue ver as diferenças com o Nolito do Benfica, que jogou em Portugal em 2011 e 2012 — leva cinco golos em oito jogos. Está mais elegante, a cara até parece mais chupada e o corpo responde de outra maneira. Está melhor do que nunca aos 30 anos e foi por isso que Guardiola e Luis Enrique disputaram a sua transferência quando o extremo estava a dar nas vistas no Celta de Vigo. Nolito preferiu Guardiola e agora os dois regressam à Catalunha.