Howard Schultz não fundou a Starbucks. Mas foi com a sua chegada à empresa, na década de 1980, que esta se expandiu nos Estados Unidos, se modernizou — no começo não era uma cafetaria “da moda” como é hoje, vendendo café avulso em Seattle e pouco mais — e, anos depois, se internacionalizaria. Hoje, a Starbucks está em toda a parte: são mais de 25 mil lojas em 75 países.

Mas Schultz vai deixar a empresa. Ou melhor, vai deixar o cargo de CEO, mantendo-se apenas com um cargo mais de representação e menos de direção: o de chairman. O anúncio foi feito esta quinta-feira, garantido Schultz que era “uma grande dia” para ele. Mas a decisão foi “difícil”, pois, garante: “Amo tanto a empresa como a minha própria família.”

Para o cargo de CEO foi escolhido (pelo próprio Howard Schultz, claro) o amigo próximo e atual diretor operacional da empresa: Kevin Johnson. Johnson não cresceu rodeado de café. Longe disso. Aliás, parte da sua carreira (tem hoje 56 anos) foi de volta da tecnologia, primeiro na Microsoft, depois na Juniper. Os dois conheceram-se quando, na viragem do século, a Starbucks e a Microsoft devolveram a tecnologia wireless (então uma novidade) nas cafetarias. Schultz diz sobre o sucessor que “está mais bem preparado para conduzir a empresa” do que ele.

O anuncio de Howard Schultz, que deixa o cargo em abril, foi inesperado. Mas não foi surpreendente. Aliás, Schultz encontrou um substituto, tal como hoje, em 2000, da primeira vez que tentou abandonar o cargo de CEO da empresa. Então como agora, deixou de ser CEO e manter-se-ia como chairman. O substituto foi James Donald. Mas Donald seria despedido em meados de 2008 quando os resultados da Starbucks caíram abruptamente. Voltaria Schultz à liderança. E o valor de mercado da Starbucks subiu de 15 para 84 mil milhões de euros.

Enganei-me no meu sucessor da primeira vez. Na altura não estava preparado como estou hoje”, garantiu, acrescentando: “Não vou andar a pairar sobre ele, observando tudo o que faz.” Mas os gabinetes de um e de outro, na sede da empresa em Seattle, vão ser lado a lado.

O futuro? Da primeira vez que se “retirou”, adquiriu uma equipa profissional de basebol, os Seattle SuperSonics. Mas desta vez, talvez o “desporto” seja outro: a política. Democrata, amigo próximo de Obama, apoiante de Hillary Clinton na última eleição presidencial nos Estados Unidos, os mais próximos de Howard Schultz garantem que pode avançar para a Casa Branca. O futuro o dirá. E currículo tem: criou a maior empresa de cafetaria do mundo.

PUB • CONTINUE A LER A SEGUIR